Os passos a que ando, um atrás do outro, como as letras em carreirinha, do fim para o princípio.
sábado, julho 30, 2011
sexta-feira, julho 29, 2011
quarta-feira, julho 27, 2011
Luz
Anjo / Teixeira de Pascoaes |
CANÇÃO DE UMA SOMBRA
Ai, se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha janela onde me vou
Debruçar para ouvir a voz das cousas,
Eu não era o que sou.
Se não fosse esta fonte que chorava
E como nós, cantava e que secou ...
E este sol que eu comungo, de joelhos,
Eu não era o que sou.
Ai, se não fosse este luar que chama
Os aspectos à Vida, e se infiltrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
Eu não era o que sou.
E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento que embalou
Meu coração e as nuvens nos seus braços
Eu não era o que sou.
Ai, se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombras povoou
E de vozes sombrias meus ouvidos,
Eu não era o que sou.
Sem esta terra funda e fundo rio
Que ergue as asas e sobe em claro voo;
Sem estes ermos montes e arvoredos
Eu não era o que sou.
E a velhinha janela onde me vou
Debruçar para ouvir a voz das cousas,
Eu não era o que sou.
Se não fosse esta fonte que chorava
E como nós, cantava e que secou ...
E este sol que eu comungo, de joelhos,
Eu não era o que sou.
Ai, se não fosse este luar que chama
Os aspectos à Vida, e se infiltrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
Eu não era o que sou.
E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento que embalou
Meu coração e as nuvens nos seus braços
Eu não era o que sou.
Ai, se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombras povoou
E de vozes sombrias meus ouvidos,
Eu não era o que sou.
Sem esta terra funda e fundo rio
Que ergue as asas e sobe em claro voo;
Sem estes ermos montes e arvoredos
Eu não era o que sou.
Teixeira de Pascoaes
terça-feira, julho 26, 2011
Música Nova
LUME
Lisbon Underground Music Ensemble
Marco Barroso, recebeu o prémio Jovem Autor atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores e pelo Milleniumbcp.
Nas raízes da coragem
Revista Fórum - Manuel Castells (2011) propõe outra democracia:
"De repente, as pessoas percebem que não estão sozinhas. O que sentem, o que pensam, outros também sentem e pensam. E quando não estão sozinhas, as pessoas são mais fortes. Porque todo o conjunto do sistema passivo de comunicação e de democracia consiste em isolar essas pessoas e agregá-las em função dos que controlam os sistemas de poder nas instituições. A separação e agregação segundo o que já está estabelecido fazem com que só se possa pensar através dos sistemas predeterminados pelos interesses que dominam as instituições. A partir do momento em que surge uma dinâmica espontânea de organização em rede, na internet, nas ruas e nas relações interpessoais – a partir daí, a dinâmica muda. Quando as pessoas já não estão sozinhas, quando sabem que estão juntas, produz-se a mudança mais importante nas mentes. Perde-se o medo de dizer e de fazer. Porque o medo é a emoção primordial do ser humano, porque todos somos descendentes de covardes, pois se os valentes não corressem o suficiente, eram pegos pelas feras."
(...)"Minha grande experiência com movimentos sociais – começando com maio de 68, do qual participei ativamente – me diz que aqui, e que em todos os acampamentos ao redor do mundo, existem raízes. Porque quaisquer que sejam as formas, elas se expandirão. Impulsionarão mudanças profundas, precisamente por ser este um movimento de pessoas, não de organizações. E as pessoas não são criadas ou destruídas, mas as pessoas se transformam.Mas não será fácil. E quando os poderes se derem conta de que as praças falam sério – pois ainda não se dão conta disso – reagirão, provavelmente de forma violenta. Existem muitos interesses em jogo.
Por isso é essencial que esse processo lento e profundo de reconstrução da democracia viva com um princípio fundamental. Um imperativo categórico, que na minha opinião, já se expressa aqui, que é a não violência. Depois de 11 dias de acampamentos por toda a Espanha, não houve nenhum incidente violento. Por isso, a violência provável do poder deve ter como resposta a não-violência das pessoas. E para isso é preciso muita coragem, porque responder a violência com violência é uma reação de medo.
Será preciso trabalhar muito com as pessoas que têm tanto medo, que não o superam, e que se tornam violentas. É preciso ir a um nível superior, o da superação do medo a partir da aceitação medo. A única forma de superar o medo é sair da solidão, juntar-se com os demais, e se superarem o medo sem violência, tudo é possível.
Se precisasse criar um slogan, ele seria: medrosos do mundo inteiro, uni-vos pela rede, pois só podem perder seu medo."
BIBLIOTECAR: ILUSTRAR UMA REVISTA DIGITAL FREE
BIBLIOTECAR: ILUSTRAR UMA REVISTA DIGITAL FREE: "A revista , inteiramente gratuita, terá sempre uma nova edição no dia 1 dos meses ímpares, e basta fazer o download do documento PDF. ..."
Revista brasileira de muito alta qualidade. Já tem 23 números em pdf...
sábado, julho 23, 2011
Ser
Certa manhã, um velho índio Cherokee falava ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas.
Ele disse: "Meu filho, a batalha é entre dois lobos dentro de todos nós.""Um é mau - É raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, auto-piedade, culpa, ressentimento, inferioridade, mentira, falso orgulho, superioridade e ego." O outro é bom - É alegria, paz, amor, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou por um minuto e perguntou ao seu avô:"Qual dos lobos vence?"O velho Cherokee respondeu: "Aquele que tu alimentares."
sexta-feira, julho 22, 2011
De que Serve a Bondade
1
De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?
De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?
De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?
2
Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!
Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!
Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!
Bertold Brecht, in
'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela
Nunca a Alheia Vontade Cumpras por Própria
Nunca a alheia vontade, inda que grata, Cumpras por própria. Manda no que fazes, Nem de ti mesmo servo. Ninguém te dá quem és. Nada te mude. Teu íntimo destino involuntário Cumpre alto. Sê teu filho.
Ricardo Reis, in "Odes" Heterónimo de Fernando Pessoa
quinta-feira, julho 21, 2011
Common Cause
Ben Cameron (2010) : O verdadeiro poder das artes performativas
Administrador de artes e fã de teatro ao vivo Ben Cameron observa o estado das artes ao vivo, perguntando : Como pode a magia do teatro, música e dança ao vivo competir com a sempre presente Internet? No TEDxYYC, ele oferece um olhar ousado sobre o futuro.
Translated into Portuguese (Portugal) by Séfora Moreira
Reviewed by Jeff Caponero
Reviewed by Jeff Caponero
quarta-feira, julho 20, 2011
Para que servem bibliotecas e artigos na era pós-custodial
A conservação da memória, hoje, torna imperioso fazer eliminações com base em critérios de selecção objectivos e rigorosos, que implicam o estabelecimento de princípios fundamentadores para essa selecção, bem como o domínio das tecnologias para garantir uma migração sucessiva de suportes, necessária devido à rápida obsolescência do hardware e do software. Ou, dito de outra forma, torna-se quase inevitável que a decisão sobre o que se vai conservar seja tomada logo no momento da criação, implicando isso que, ao nível tecnológico, sejam respeitados os requisitos necessários para garantir a perdurabilidade a longo termo, em condições de leituraadequadas. Caso contrário, teremos registos de informação obsoletos, impossíveis de descodificar, a não ser que se guardem as máquinas tal qual peças de museu.
Fernanda Ribeiro, num artigo agora relido e bem actual
Gestão da Informação / Preservação da Memória na era pós-custodial: um equilíbrio precário?
quarta-feira, julho 13, 2011
INTELIGELER
BIBLIOTECAR: LER VAI SER CADA VEZ MAIS UMA ATIVIDADE INTERATIVA...: Si dentro de diez años volviéramos a ver estas intervenciones seguramente nuestra perspectiva habrá cambiado mucho, pero los equipos de la Fundación trabajan con la convicción de que la lectura será lo que quieran los lectores y de que este factor perdurará, porque lo digital le otorga al acto de leer más relevancia que nunca hasta ahora. Los protagonistas del hecho lector son ciudadanos de un mundo que está construyéndose sobre los pilares de la sociedad de la información, un entorno en el que la competencia para saber leer de un modo eficaz es probablemente la herramienta crucial para activar la materia prima más importante de este siglo: la inteligencia
Ver e crer
ilustração de Manuel Ribeiro de Pavia (1949) |
segunda-feira, julho 11, 2011
sexta-feira, julho 08, 2011
INVERNO EM LISBOA: EXCESSO DE POESIA...
EXCESSO DE POESIA...
(e falta de prosa...)
Ia todos os dias à biblioteca e todos os dias era o primeiro a chegar. Pedia um livro de poesia e sentava-se de frente para a entrada, lendo e fantasiando. Sempre que a porta se abria, descolava disfarçadamente os olhos dum poema e observava quem entrava. Andou nisto anos a fio, entre versos, rimas e sonhos, procurando a mulher da sua vida. Quando a encontrou perdeu-a em poucos minutos. Na realidade, não teve prosa para ela.
('Excesso de poesia' de Fernando Gomes in 'Primeira antologia de micro-ficção)
('Homem sentado lendo' de Ivan Dario Hernandez)
Roubado à Helena Dias, daqui:
INVERNO EM LISBOA: EXCESSO DE POESIA...
(e falta de prosa...)
Ia todos os dias à biblioteca e todos os dias era o primeiro a chegar. Pedia um livro de poesia e sentava-se de frente para a entrada, lendo e fantasiando. Sempre que a porta se abria, descolava disfarçadamente os olhos dum poema e observava quem entrava. Andou nisto anos a fio, entre versos, rimas e sonhos, procurando a mulher da sua vida. Quando a encontrou perdeu-a em poucos minutos. Na realidade, não teve prosa para ela.
('Excesso de poesia' de Fernando Gomes in 'Primeira antologia de micro-ficção)
('Homem sentado lendo' de Ivan Dario Hernandez)
Roubado à Helena Dias, daqui:
INVERNO EM LISBOA: EXCESSO DE POESIA...
quinta-feira, julho 07, 2011
quarta-feira, julho 06, 2011
Verdade centenária
LETRILLA SATÍRICA La pobreza. El dinero. Pues amarga la verdad, Quiero echarla de la boca; Y si al alma su hiel toca, Esconderla es necedad. Sépase, pues libertad Ha engendrado en mi pereza La Pobreza. ¿Quién hace al tuerto galán Y prudente al sin consejo? ¿Quién al avariento viejo Le sirve de Río Jordán? ¿Quién hace de piedras pan, Sin ser el Dios verdadero El Dinero. ¿Quién con su fiereza espanta El Cetro y Corona al Rey? ¿Quién, careciendo de ley, Merece nombre de Santa? ¿Quién con la humildad levanta A los cielos la cabeza? La Pobreza. ¿Quién los jueces con pasión, Sin ser ungüento, hace humanos, Pues untándolos las manos Los ablanda el corazón? ¿Quién gasta su opilación Con oro y no con acero? El Dinero. ¿Quién procura que se aleje Del suelo la gloria vana? ¿Quién siendo toda Cristiana, Tiene la cara de hereje? ¿Quién hace que al hombre aqueje El desprecio y la tristeza? La Pobreza. ¿Quién la Montaña derriba Al Valle; la Hermosa al feo? ¿Quién podrá cuanto el deseo, Aunque imposible, conciba? ¿Y quién lo de abajo arriba Vuelve en el mundo ligero? El Dinero. Francisco de Quevedo (séc. XVI) canta Paco Ibañez (séc. XXI) e ainda acrecenta um romance de Frederico Garcia Llorca (séc. XX) |
terça-feira, julho 05, 2011
Tempo e fingidores
A tendência para colocar uma ênfase especial ou organizar a juventude nunca me foi cara; para mim, a noção de pessoa velha ou nova só se aplica às pessoas vulgares. Todos os seres humanos mais dotados e mais diferenciados são ora velhos ora novos, do mesmo modo que ora são tristes ora alegres. É coisa dos mais velhos lidar mais livre, mais jovialmente, com maior experiência e benevolência com a própria capacidade de amar do que os jovens. Os mais idosos apressam-se sempre a achar os jovens precoces demasiado velhos para a idade, mas são eles próprios que gostam de imitar os comportamentos e maneiras da juventude, eles próprios são fanáticos, injustos, julgam-se detentores de toda a verdade e sentem-se facilmente ofendidos. A idade não é pior que a juventude, do mesmo modo que Lao-Tsé não é pior que Buda e o azul não é pior que o vermelho. A idade só perde valor quando quer fingir ser juventude.
Hermann Hesse, in 'Elogio da Velhice'
Mudar | Esquerda
Para não dizerem que não falei de flores (título deste poema de 1968, que nos anos 70, inspirou cantos e actos de intervenção), aqui fica um meu contributo para o debate interno no e sobre o Bloco de Esquerda:
Abrir caminho e aprender a fluir, com mais eficácia e muito menos crispação, sem que isso signifique menos paixão e menos verdade. Com mais zigues ou menos zagues, seja o nosso caminho o da razão, do coração e da consciência, que logo haverá pés para o percorrer. A vida de cada um e cada uma de nós é curta, e os testemunhos passam pelo seu próprio valor e conteúdo. A idade desses pés e o nome dos(as) caminhantes é realmente apenas um detalhe... O essencial é o sentido e a direção da caminhada.
Ler mais aqui: Mudar | Esquerda
segunda-feira, julho 04, 2011
Gritar silêncio
Largos versos irrompem do teu silêncio de granito
E tu vives inteiro em cada grito
Tu que foste maior que todas as poesias.
Sidónio Muralha
no epitáfio na campa de Carlos Pato (1920-1950),
que morreu na prisão de Caxias
um ano após ter sido preso pela PIDE
Ler mais aqui
sexta-feira, julho 01, 2011
Não há degredo quando
Exílio Adriano Correia de Oliveira, poema de Manuel Alegre, interpretação de Luís Cília
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas.
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.
Pode ser uma ilha, uma prisão
Em qualquer parte estou presente
Tomo o navio da canção
E vou direito ao coração de toda a gente.
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas.
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.
Venho dizer-vos que não tenho medo.
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas.
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.
Pode ser uma ilha, uma prisão
Em qualquer parte estou presente
Tomo o navio da canção
E vou direito ao coração de toda a gente.
Venho dizer-vos que não tenho medo
A verdade é mais forte que as algemas.
Venho dizer-vos que não há degredo
Quando se traz a alma cheia de poemas.
Venho dizer-vos que não tenho medo.
Esperança não é privatizável
«Acusam-me de mágoa e desalento, como se toda a pena dos meus versos não fosse carne vossa, homens dispersos, e a minha dor a tua, pensamento. Hei-de cantar-vos a beleza um dia, quando a luz que não nego abrir o escuro da noite que nos cerca como um muro, e chegares a teus reinos, alegria. Entretanto, deixai que me não cale: até que o muro fenda, a treva estale, seja a tristeza o vinho da vingança. A minha voz de morte é a voz da luta: se quem confia a própria dor perscruta, maior glória tem em ter esperança.»
Carlos de Oliveira, in 'Mãe Pobre'
(no 30º aniversário da sua morte física)
Slow down...
"59th St. Bridge Song", Simon and Garfunkel.
Slow down, you move too fast. You got to make the morning last. Just kicking down the cobble stones. Looking for fun and feelin' groovy. Hello lamppost, What cha knowing? I've come to watch your flowers growing. Ain't cha got no rhymes for me? Doot-in' doo-doo, Feelin' groovy. Got no deeds to do, No promises to keep. I'm dappled and drowsy and ready to sleep. Let the morning time drop all its petals on me. Life, I love you, All is groovy. | |
Sources: http://www.lyricsondemand.com/s/simongarellyr |
Segure, assegure...
Segure tudo o que foi conquistado...
Letra e video de interpretação ao vivo de Martinho da Vila aqui
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Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito : « Quem alcançou o topo, passou a acreditar que o sucesso foi um feito seu, uma medida do seu ...
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PORTUGAL (de Jorge Sousa Braga, 1981) Portugal Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse oitocentos Que ...
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Senhores, sou mulher de trabalho, e falo com poucas maneiras, porque as maneiras, são como a luva que calça o ladrão. Ás vezes, eu ponho-me...
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CANTIGA PARA QUEM SONHA Tu que tens dez reis de esperança e de amor grita bem alto que queres viver. Compra pão e vinho, mas rouba uma fl...