sábado, dezembro 21, 2013

ON OFF ONOFRE



música e letra: José Mário Branco)

"Onofre": nome português para "on-off"

Quando o espectro de Goebbels me ensombra
e me agride com mais
Guerra mediática
E a sua matilha se maquilha
Quando essa escolha cuidada de coisas reais
ficcionadas, iguais
Sem lei nem gramática
Faz de cada Homem uma ilha
Quando vem a maré negra dessa matilha
obscena
E para sobreviver há que sair de cena
Resta só a solução de premir o botão
Quem sofre
Quem sofre
Quem sempre sofre é o Onofre
Quando a voz do Grande Irmão mostra
sempre outra cara escondendo
A paz totalitária
No negócio do seu matadouro
Quando propagandeando a janela do mundo
só abre p'ra dentro
E é sempre o cenário
Em que o sangue valoriza o ouro
Os jornalistas clonados facturam a desgraça
Nem no amor nem na dor a caravana passa
Vou vomitar e então carrego no botão
O Onofre
O Onofre
Triste poder de quem sofre
Quando p'ra tanto poder parece que já nada
podemos fazer
P'ra nos mantermos vivos
E eles tão seguros da vitória
Quando agressivos, banais, sorridentes,
coprófagos fartos de ser
Plurais digestivos
Até resistir é uma história
Só o Onofre me diz que o dono inda sou eu
Que esse terrível poder ninguém o elegeu
E logo a alma da mão carrega no botão
Onofre
Onofre
És o segredo do cofre

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Bibliotecários/as nos filmes - Parte I a III





O futuro está em nós

A Troika não tem nada a ver com o exame a que os professores iam ser sujeitos hoje. Nem com a marosca dos Estaleiros de Viana, nem com a Foral, nem com a criação de um lugar para o ex-comandante da PSP em Paris e, muito menos, com o caos da reforma do IRC. A Troika não pode ser desculpa para tudo, principalmente quando não tem culpa. A gente culpa a Troika, justamente, por ser cega e surda, mas se imaginarmos que a Troika de cegos e surdos lida com um governo de incompetentes e loucos, temos um resultado que inquieta.
A Troika não obrigou a UGT a vender-se por causa da prova. A Troika não impõe a transferência de competências para as freguesias, na lei Relvas, que põe em risco a sobrevivência das bibliotecas de Lisboa. A Troika nunca mandou assinar o acordo de pescas com Espanha para continuar a prejudicar os nossos pescadores. A Troika não foi ao Parlamento Europeu impedir a troca de sementes. A Troika nunca pediu reformas vitalícias para os administradores da EPUL nem sustentou mordomias aos juizes jubilados. A Troika não mandou parar os Simplex. A Troika não impediu o investimento na cultura, não impôs benefícios fiscais aos Casinos portugueses. A Troika, que se saiba, não exige que se cumpra o Acordo Ortográfico nem que os preços das telecomunicações em Portugal sejam dos mais altos da Europa.
A Troika não mandou empregar o filho do senhor Aguenta Ulrich no Estado, nem quer a dissolução da RL Mozart. A Troika não somos nós, portugueses.
Sim, a Troika é um bando de depravados capitalistas, sem ética nem moral. Nós, no entanto, somos suicidas políticos, porque andamos há 40 anos a votar em Cavacos. Paremos de nos queixar da Troika, antes que a Troika se queixe de nós, com toda a razão.
João Vasco Almeida, 18.12.2013, de Lisboa para o Facebook 

domingo, dezembro 15, 2013

objectivos irrealistas - gui



objectivos irrealistas - gui

Ladrões de Bicicletas: As verdadeiras gorduras da Educação


Sublinhe-se que neste processo não está apenas em causa continuar a financiar, com o dinheiro de todos os contribuintes, uma educação de luxo que é, em regra, só para alguns, os «escolhidos» entre famílias de elevado estatuto sócio-económico (e em prejuízo do financiamento e da qualidade da escola pública). O que está igualmente em causa é a transformação profunda do sistema de ensino, que assim trilha a acentua os passos de uma crescente dualização, tornando-se, ao arrepio de uma escola que se quer democrática e inclusiva, fonte de reprodução das desigualdades sociais. A experiência sueca está aí para o demonstrar.
Ladrões de Bicicletas: As verdadeiras gorduras da Educação

terça-feira, dezembro 10, 2013

José António Pinto deixou medalha de ouro no Parlamento em sinal de protesto - Política - Notícias - RTP


Um cidadão justamente medalhado pela sua ação em prol dos Direitos Humanos deu uma medalha de mau comportamento aos dirigentes políticos do seu país. Também vivemos de símbolos, e este dá alento e esperança para quem luta por outros modos de viver.

Notícia aqui:
José António Pinto deixou medalha de ouro no Parlamento em sinal de protesto - Política - Notícias - RTP
Saiba mais sobre ele:
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/troco-esta-medalha-por-outro-modelo-1615543#/0

segunda-feira, dezembro 09, 2013

5 Principles for New Librarianship | Designer Librarian


Principle 3: New librarianship is rooted in multiple disciplines, including library science, information science, media studies and the learning sciences.
  • By the 1990s, the separate disciplines of library and information science had merged together in library school (thanks to information literacy). It’s time for another merger, and in particular, media studies and the learning sciences (e.g. digital media and learning) need to be merged with library and information science. The technology integration skills called for by the AASL and blended and embedded librarianship require an ability to find, use, evaluate and integrate appropriate technologies for a variety of literacy and learning practices. At the very least, that requires an understanding of human learning and how it’s applied to digital media.

5 Principles for New Librarianship | Designer Librarian (Via Luzia Verdasca Antunes)

domingo, dezembro 08, 2013

III Congresso da Oposição Democrática de Aveiro - exposição virtual, fontes primárias



Foi em 1973, em Aveiro, Portugal.
Em 2013, uma exposição virtual primorosa não nos deixa esquecer e faz-nos pensar, muito e em nós. Serviço público de cultura é isto. Valeram a pena os dias árduos e as noites penosas, de há 40 anos, e dos anos que vieram depois.

Centro de documentação 25 de Abril - Page Site

sexta-feira, dezembro 06, 2013

Vencer


Dizia Mandela que este era o poema que mais o tinha inspirado.

 "INVICTUS

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria, 
Somente o Horror das trevas se divisa; 
Porém o tempo, a consumir-se em fúria, 
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma."

 Do poeta inglês William Ernest Henley (1849-1903).

quinta-feira, novembro 28, 2013

Biblioteca alternativa - EUA


The library has more than 900 members, include about 50 lifetime members, and about 6,000 titles, Beckhorn said. Topics include many that one would find in any library or bookstore, such as history, literature, biography and children's books. Topics with more extensive selections include science fiction, anarchist theory and cartoon art books.
The library also provides room for events, such as poetry readings, open mic benefits, art workshops and art practice sessions. Long-range plans include a skill exchange, tool library and an expanded outlet for handmade products made by members.




Read more here: http://www.bellinghamherald.com/2013/11/23/3332447/alternative-library-offers-books.html#storylink=cpy

Primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco

Texto absolutamente notável, para crentes e não crentes, católicos e não católicos do século XXI.

Não a uma economia da exclusão 

53. Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão e da desigualdade social». Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do «descartável», que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenómeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são «explorados», mas resíduos, «sobras».
54. Neste contexto, alguns defendem ainda as teorias da «recaída favorável» que pressupõem que todo o crescimento económico, favorecido pelo livre mercado, consegue por si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos factos, exprime uma confiança vaga e ingénua na bondade daqueles que detêm o poder económico e nos mecanismos sacralizados do sistema económico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espectáculo que não nos incomoda de forma alguma.

do site da Rádio Vaticano 
Ler o texto integral aqui:
Primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco

quarta-feira, novembro 20, 2013

Liberdade


Pájaros prohibidos1976Libertad 

Los presos políticos uruguayos no pueden hablar sin permiso, silbar, sonreír, cantar, caminar rápido ni saludar a otro preso. Tampoco pueden dibujar ni recibir dibujos de mujeres embarazadas, parejas, mariposas, estrellas ni pájaros.
Didaskó Pérez, maestro de escuela, torturado y preso por tener ideas ideológicas, recibe un domingo la visita de su hija Milay, de cinco años. La hija le trae un dibujo de pájaros. Los censores se lo rompen a la entrada de la cárcel.
Al domingo siguiente, Milay le trae un dibujo de árboles. Los árboles no están prohibidos, y el dibujo pasa. Didaskó le elogia la obra y le pregunta por los circulitos de colores que aparecen en las copas de los árboles, muchos pequeños círculos entre las ramas:
- ¿Son naranjas? ¿Qué frutas son?
La niña lo hace callar:
- Ssshhhh.
Y en secreto le explica:
- Bobo. ¿No ves que son ojos? Los ojos de los pájaros que te traje a escondidas.


Pássaros proibidos
1976
Liberdade

O presos políticos urugaios não podem falar sem autorização, nem assobiar, sorrir, cantar caminhar depressa nem saudar outro preso. Tampouco podem desenhar nem receber desenhos de mulheres grávidas, casais, borboletas, estrelas ou pássaros.
Didaskó Perez, professor da escola primária, torturado e preso por ter ideias ideológicas, recebe num domingo a visita da sua filha Milay, de cinco anos. A filha traz-lhe um desenho de pássaros. Os censores rasgam-no à entrada da prisão.
No domingo seguinte, Milay traz-lhe um desenho de árvores. As árvores não estão proibidas, e o desenho passa. Didaskó elogia-lhe a obra e pergunta-lhe pelos circulozinhos de cores que aparecem entre as copas das árvores, muitos pequenos círculos entre os ramos:
- São laranjas? Que frutas são?
A menina fá-lo calar-se:
- Ssshhhh.
E em segredo explica-lhe:
- Tonto. Não vês que são olhos? Os olhos dos pássaros que te trouxe às escondidas.
Trad. livre para português (PT) 
Maria José Vitorino (2013)

Obra traduzida em português (BR)
Notícia/compra também aquiaqui e também aqui

segunda-feira, novembro 18, 2013

Regresso



Regresso devagar 


ao teu sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que 

não é nada comigo. Distraído percorro 

o caminho familiar da saudade, 

pequeninas coisas me prendem, 

uma tarde num café, um livro.  Devagar 

te amo e às vezes depressa, 

meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,

regresso devagar a tua casa, 

compro um livro, entro 

no amor como em casa. 




in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco 

Tarde", Manuel António Pina.

Aftermath a crisis


Pela mão de Manuel Castells, quase uma hora de reflexão. Em inglês.

sexta-feira, novembro 08, 2013

▶ Dar a volta

Declaração sobre as bibliotecas públicas na UE


"As bibliotecas públicas representam a única possibilidade de acesso gratuito à Internet para 1,9 milhões de Europeus marginalizados"(2013)

Se esta Declaração obtiver a assinatura de 50% dos eurodeputados (até 7 de janeiro de 2014), o texto será adotado enquanto posição oficial do Parlamento Europeu, e será reencaminhado à Comissão Europeia, que terá de se pronunciar sobre o  mesmo.


Declaração sobre as bibliotecas públicas na UE

domingo, novembro 03, 2013

Why Reading Is Dangerous. - Edudemic - Edudemic

Why Reading Is Dangerous. - Edudemic - Edudemic

Faca

"Dá-me algo mais que silêncio ou doçura
Algo que tenhas e não saibas
Não quero dádivas raras
Dá-me uma pedra

Não fiques imóvel fitando-me
como se quisesses dizer
que há muitas coisas mudas
ocultas no que se diz

Dá-me algo lento e fino
como uma faca nas costas
E se nada tens para dar-me
dá-me tudo o que te falta!"



Carlos Edmundo de Ory, interpretado por por Herberto Hélder (Doze nós numa corda)

Self-Organised Learning Environments (SOLEs)

"The SOLE concept, although flexible, has the potential to offer a divergent, radical transformative pedagogy. This sits somewhat uncomfortably alongside more convergent approaches which position the learner as subservient to the curriculum, with the task of merely mastering subject matter prescribed by the teacher.
However, what is notable from this analysis is that transformative pedagogy seems to be positioned alongside, rather than in conflict with, the dominant educational framework." in Self-Organised Learning Environments (SOLEs) in an English School: an example of transformative pedagogy?

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Opinião – Segregação no ensino | Diário As Beiras

Associação 25 de Abril, Fevereiro de 2008

Opinião – Segregação no ensino | Diário As Beiras:

Maria Manuel Leitão Marques, Catedrática da Faculdade de Economia da U. Coimbra (Outubro 2013)

Do dito documento designado por “reforma do Estado”, que oscila entre generalidadesintenções e algumas medidas mais concretas, destaco a que mais me preocupa e que ultimamente vem emergindo de forma consistente no discurso do governo. A privatização do sistema educativo básico e secundário. Se lermos o papel com atenção, podemos reduzir a reforma a uma medida: financiar o ensino privado de quem o pode pagar e deixar a escola pública para os outros. Os outros serão os mais desfavorecidos, ficando assim a escola segregada quando ela devia ser mais inclusiva.
 Se quiserem conhecer o risco de tal modelo olhem para o Brasil. Aí os filhos de quem tem dinheiro frequentam a escola privada. Não são apenas os filhos dos ricos , são todos os filhos da classe média. Os outros frequentam a escola pública. De tal modo é a diferença de qualidade entre uma e outra que foi preciso criar quotas para que pelo menos alguns estudantes da escola pública pudessem chegar à universidade. Mas que universidade? A privada ? Não a pública , aquela que é paga com o dinheiro dos impostos de todos, aquela que tem mais qualidade, aquela que é gratuita. Sistema mais injusto e segregacionista não conheço. Por isso mesmo, a sua alteração está nos cartazes de muitas manifestações a que assistimos no ultimo ano em cidades brasileiras .
Entre nós estava a caminhar-se para o mesmo. Pelo menos em algumas grandes cidades como Lisboa, a degradação de edifícios associada a um horário incompatível com o trabalho dos pais nas escolas públicas, para já não referir a falta de ensino de matérias completares, empurrava as famílias para o ensino privado.
Esse caminho foi invertido  a partir de 2006. A alteração do horário das escolas (escola a tempo inteiro), a melhoria das condições das escolas públicas, o controlo das faltas e a substituição dos professores nessas circunstâncias, e o ensino do inglês foram algumas das medidas que vieram contribuir para recuperar a qualidade das escolas públicas. Com certeza contribuíram não apenas para reter os seus alunos mas até para atrair novos estudantes vindos de escolas privadas. Sobretudo repuseram condições para uma efetiva igualdade, combatendo a segregação que naturalmente se prolonga no futuro, no acesso a oportunidades de estudar, de trabalhar e de viver .
Contudo, como pode ler-se no papel agora revelado, a valorização da escola pública foi chão que deu uvas. Misturado com algumas frases feitas, o que lá está de concreto é o financiamento de escolas privadas e até a venda das públicas a professores (propriedade e gestão)!
Lutar contra tal modelo de reforma do sistema educativo é por isso um objetivo que nos devia mobilizar. Não apenas a quem pensa ser de esquerda, não apenas aos professores das escolas (onde estão eles agora?), mas a todos os que estudaram na escola pública, a todos que lhe devem muito do que sabem, a todos os que acham que devemos ter as mesmas oportunidades de vencer na vida, seja qual for o material do berço onde nascemos
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sábado, novembro 02, 2013


Mia Couto distinguido com prémio internacional de literatura Neustadt

Este é considerado o prémio Nobel norte-americano. Entre os nomeados estavam, o japonês Haruki Murakami e o argentino César Aira.

Falo daquele que, se não escreve, mata alguém

«Dificilmente se acredita que os seus textos ainda existam, que estes livros não se apaguem. Pois, ao contrário do lugar comum onde se encontra a vã consolação, ao contrário da crença de que a escrita, trazendo glória, traz eternidade, há este sentimento, que é meu, de que para certa rara gente tudo foi uma única coisa. Não ocorreu uma separação e penso sempre que as ervas que devoram um mortal devorarão também a sua obra. Porque este é um dos casos em que a obra era o orgão vital, o que gerava visão, entendimento, medo e esperma.
Há pessoas assim cuja existência, cuja carne é matéria literária. Não falo já de qualidade. Falo, sim, da quantidade de poema que há num corpo. Da combustão que é feita de palavras em lugar de oxigénio. Falo daquele que, se não escreve, mata alguém. Daquele que não aceita um aparelho de cognição capaz de o proteger com o vulgar conforto do real. Que se educou para a alucinação. O que descreve o brilho intenso que há na noite e é, no entanto, a fonte do fulgor, dessa fosforescência com que os mortos que o tocam, de visita, o contaminam.
Dificilmente se acredita que os seus textos não tivessem ardido inteiramente, não se extinguissem com aquelas mãos que pegavam na insónia para os escrever.»
Hélia Correia, in Revista de artes e Ideias n.º 8, «O Medo», Coimbra: Alma Azul, 2006. p.51

quinta-feira, outubro 31, 2013

Sinais


30.Outubro.2013, Roma. O rapaz de seis anos começou por sentar-se na cadeira do Papa enquanto este discursava, mas depois abraçou-o e resistiu quando o segurança tentou retirá-lo do local.

domingo, outubro 13, 2013

Leadership


Leadership – The Assumption Trap | John Caswell

"10. Leadership’s Denial Of Their Overall Design Responsibility: Organizational design has become the crucial science missing from the modern business skill-set. Nowadays we need to design living systems and not dying hierarchies of stupidity. Leaders have seemingly lost their leadership role in designing the perfect organization and all that goes with it."

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Diferente


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Giving

Pontes de saída - Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa



Este cancro metastizou, mas não é incurável. Para procurar palavras que possam ser úteis, teremos de procurar outras abordagens. Há que parar a sangria das células novas e saudáveis que todos os dias produzimos. Isso implica uma moratória ao pagamento da dívida, porque ela, insustentável no futuro, é já hoje responsável por canalizar a riqueza que produzimos para alimentar os credores financeiros. Reestruturar a dívida, protegendo pequenos aforristas e as pensões, é um problema para credores que terão feito um mau investimento, não um problema para o Estado português (teria dinheiro para pagar salários e pensões). Há que repor o contrato social, que exige uma fiscalidade justa, o que implica enfrentar as ferozes resistências dos que detêm os mais altos rendimentos, do capital financeiro, dos lucros accionistas, etc. E há que compreender que a universalidade do acesso ao serviços públicos, às funções sociais do Estado – que sabemos ser o melhor garante de igualdade e coesão social – só pode ser garantida com a defesa da sua gratuitidade para todos. Foi muito por aqui, que alastrou o cancro das engenharias neoliberais que corroeram o Estado: uma educação, saúde e segurança social cada vez mais para pobres, com o preço e a degradação da qualidade a levar os que têm mais posses para os privados.
Sandra Monteiro (Editorial) 

Pontes de saída - Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa

sábado, outubro 12, 2013

Capital social e bibliotecas públicas

Biblioteca Pública de Manguinhos, S. Paulo (Brasil); que segui a inspiração da célebre biblioteca de Medellín (Colombia) Inagem publica em artigo de janeiro de 2013, incluindo entrevista com Adriana Ferrari

Como podem as bibliotecas públicas contribuir para o aumento do capital social? (1) trabalhando em colaboração com organizações de voluntários - o que apresenta algumas dificuldades; (3) tornando-se, cada vez mais bons lugares de encontro informal entre as pessoas; (3) desenvolvendo bons serviços públicos universais, com destaque para os que se dirigem a crianças e famílias.

Segundo o World Values Survey (2006), mais de 50% da população mundial acredita que as pessoas são de confiança (capital  social).
Países em que o capital social é elevado: países escandinavos (estes também têm as menores desigualdades económicas), China, Finlândia, Holanda
Países em que a confiança nas pessoas é fraca: França, Turquia

Ler mais aqui, num artigo de 2008 do Boletim da Associação Andaluza de Bibliotecários, que alerta para a importância de mais investigação sobre o tema, área de excelência da biblioteca pública, e alicerce das democracias:

(79) El capital social y las bibliotecas públicas: necesidad de investigar | Andreas Vårheim - Academia.edu

segunda-feira, setembro 30, 2013

A morte da infância


Fabulosos texto e imagem de Luís Januário, hoje, no blog
No início desses anos 1980, quando Neil Postman publicou o seu livro, a infância tinha-se já extinguido, liquidada pelos media electrónicos e, sobretudo, pela televisão. Ele debruçou-se com brilhantismo sobre os sintomas da extinção da infância: o desaparecimento de vestuário especificamente infantil, do comportamento, das atitudes, dos desejos, “mesmo do aspecto físico”.  Mas, e é este o ponto em que me vou concentrar, a parte mais curiosa do livro de Postman é sobre a perda da inocência.
Ler mais aqui: anaturezadomal.blogspot.pt/2013/09/a-morte-da-infancia.html

sábado, setembro 28, 2013

Oiço passos de cavalo... será ele, o ditador?

Formatar o curriculum (nacional) nem que seja a poder de cascatas e exames (nacionais). Reduzir o curriculum (artes fora, ciências e tecnologia minguantes, inovação para quê...). Consagrar separações estanques entre disciplinas, dificultando trabalhos interdisciplinares ou de integração (projetos, etc). Limitar professores a metas, programas e mesmo manuais escritos "por quem sabe", em papel ou pela via digital. Reforçar um curriculum oculto que valorize a obediência, a autoridade "de quem sabe/manda", o conformismo, e despreze a inovação e o pensamento crítico. E ainda mais: mobilizar para o exame, o teste, a nota, ignorando os esforços para descoberta, a criação, a solidariedade e acção transformadora.

Tudo isto é para abrir caminho a quê? A quem?
Clarence fisher, professor com mais de 20 anos de experiência, promove os Guias Para uma Ditadura, usando a ironia no combate democrático. Este é dedicado à educação. Ao ler o texto, não podemos deixar de reconhecer muitas práticas políticas em aplicação em Portugal. Brrr...


1.) As much as possible, have a common curriculum throughout your nation. Leave little opportunity for communities or districts to customize what the students in their area learn. This will give you solid control over everything and does not allow specific populations of people or communities to emphasize things that may be important to them or meaningful for their students.
2.) Have solid boundaries in place between subject areas. Make sure that the students in your schools study each subject separately. Emphasizing each subject as a stand alone silo of knowledge will ensure that students find it more difficult to see the relationships that exist between things. This will also ensure that basic knowledge will form the majority of material that is covered in classrooms instead of the in depth study of more complicated topics.
3.) Be very wary about changing the subjects that students are able to study in your schools. Keep it basic. Reading, writing, math and science should form the cornerstones of what your students learn. New advancements in technology, science and math shouldn't find their way into your schools very quickly.
4.) Arts programs should be eliminated from your schools whenever possible. The study of art only allows people's thoughts to move towards freedom, beauty, and the condition of their lives.
5.) As much as possible provide the teachers in your classrooms with scripted programs for them to follow. This will ensure that you can have almost total control over not only what is studied, but what is said in your classrooms, the examples used and the problems that are solved. Make administrators or school inspectors responsible for strictly enforcing that these things are followed.
Advancing a certain kind of hidden curriculum in your schools is a more delicate balancing act. For your nondemocratic nation, the hidden curriculum should emphasize the power and unquestioning authority of your government. Teachers need to emphasize lessons which do not encourage innovative or creative thinking. Large amounts of content should simply be given out to students. 
Notes and worksheets should be used whenever possible. As much as possible, teachers need to control the work that is handed out to students. Students should, over time, acquire the habit of material being given out to them by people in positions of authority and power. They should have few opportunities to be creative or to investigate personally meaningful projects that revolve around their own interests and passions. Teachers should discourage entrepreneurial or social justice initiatives from taking hold in classrooms and schools.
Clarence Fisher
in The-Dictators-Practical-Guide-to-Education
www.evenfromhere.org/wp-content/uploads/2013/09/The-Dictators-Practical-Guide-to-Education.pdf

A Arte de Pensar: A Desobediência Civil


A Arte de Pensar: A Desobediência Civil: "O objectivo da desobediência civil é, em última análise, mudar leis e políticas particulares, e não arruinar completamente o estado de direito. Os que agem na tradição da desobediência civil evitam geralmente todos os tipos de violência, não apenas porque pode arruinar a sua causa ao encorajar a retaliação, conduzindo assim a um agravamento do conflito, mas sobretudo porque a sua justificação para violar a lei é moral, e a maior parte dos princípios morais só permite que se prejudique outras pessoas em situações extremas, tal como quando somos atacados e temos de nos defender."

Conceito desenvolvido pela primeira vez por Thoreau em 1849.
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A crise está virando zona...

quinta-feira, setembro 26, 2013

La educación transforma la vida = A educação transforma a vida

Dados sobre a importância da educação no desenvolvimento (Unesco, 2013)   - infografia
"La publicación de estos datos se realiza en el marco de una campaña en la que se pide a los dirigentes del mundo que den prioridad a la educación equitativa y de calidad en los nuevos programas de desarrollo para el periodo posterior a 2015. El análisis íntegro estará disponible en el Informe de Seguimiento de la EPT en el Mundo que verá la luz en enero de 2014."

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▶ Elyse Eidman-Aadahl on Writing in the Digital Age (Big Thinkers Series) - YouTube

"
anybody, anything, anywhere

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segunda-feira, setembro 23, 2013

Vila Franca de Xira retoma a sua garra




Escolhe quem seja francamente exigente, para autarquias que nos ajudem mesmo a viver melhor. Marca o que mais importa: acção social, ambiente, território e urbanismo, economia e emprego, transportes, mobilidade e acessibilidades, educação e cultura, saúde e desporto, cidadania.
in


Sítio web: Atreve-te a mudar
Presença no Facebook:
Candidatura do BE ao concelho de Vila Franca de Xira https://www.facebook.com/BEVFX2013?fref=ts
BE Vila Franca de Xira https://www.facebook.com/BlocoVFXira
BE Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa https://www.facebook.com/be.povoa.forte?fref=ts
BE de Alverca do Ribatejo e Sobralinho https://www.facebook.com/pages/Bloco-de-Esquerda-Alverca-e-Sobralinho/116707391721871?fref=ts
BE Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz (em construção)

Ir aos treinos e não perder a forma

Talvez possamos falar de uma democracia mais democrática, como António Sérgio a definiu, há 
80 anos, através de uma comparação com o desporto:
 “A liberdade e a cidadania devem ser alimentadas todos os dias, pacientemente recriadas, sempre reconquistadas, pois se não realizarmos este treino diário perdemos a forma, perdemos a pujança, e não conseguiremos construir o futuro que ambicionamos”. 
Há sempre uma saída, desde que estejamos dispostos a procurá-la e a assumir os riscos dessa 
procura.

António Sampaio da Nóvoa
introdução ao Programa Eleitoral (edição digital, no Issuu)
Candidatura não partidária à Junta de Freguesia de Alcântara, Lisboa 2013

Coração RR


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

Viva a sesta! Pela saúde do seu cérebro


No mínimo, 10-20 minutos (para voltar a trabalhar revigorado).
Bom mesmo, 90 minutos :)

How Long to Nap for the Biggest Brain Benefits ?

segunda-feira, setembro 16, 2013

How can the culture sector deal with digital change? Get rid of the 'digital' | Culture professionals network | Guardian Professional

 
"No one under the age of 20 even talks about 'digital' anything anymore. It's a part of the changes we see all around us – in communications, transport, retail, manufacturing, entertainment, education and medicine. Digital developments might drive these changes, but their lasting impact is found not in a raft of evolving technologies, but in our changing needs and behaviours."

How can the culture sector deal with digital change? Get rid of the 'digital' | Culture professionals network | Guardian Professional

:)

124. TAYLOR MALI: What Teachers Make

124. TAYLOR MALI: What Teachers Make

Marshal Berman (1940-2013): ler o mundo para o transformar


Marshal Berman (1940-2013): o marxismo contra a tristeza | Esquerda:
"“Nós não podemos gerar ideias que venham a juntar as vidas das pessoas se perdermos contato com essas vidas tais como são. Se não soubermos reconhecer as pessoas, como se apresentam, sentem e experienciam o mundo, nós nunca seremos capazes que as ajudar a conhecerem-se a elas mesmas ou a mudar o mundo. Ler o Capital não nos ajudará se não formos capazes, também, de ler os sinais que nos mostram as ruas.”
Marshal Berman 
Continuarei a viver as ruas e abrir janelas, a rir, e a frequentar a revista Dissent.
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Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito : « Quem alcançou o topo, passou a acreditar que o sucesso foi um feito seu, uma medida do seu ...