EXCESSO DE POESIA...
(e falta de prosa...)
Ia todos os dias à biblioteca e todos os dias era o primeiro a chegar. Pedia um livro de poesia e sentava-se de frente para a entrada, lendo e fantasiando. Sempre que a porta se abria, descolava disfarçadamente os olhos dum poema e observava quem entrava. Andou nisto anos a fio, entre versos, rimas e sonhos, procurando a mulher da sua vida. Quando a encontrou perdeu-a em poucos minutos. Na realidade, não teve prosa para ela.
('Excesso de poesia' de Fernando Gomes in 'Primeira antologia de micro-ficção)
('Homem sentado lendo' de Ivan Dario Hernandez)
Roubado à Helena Dias, daqui:
INVERNO EM LISBOA: EXCESSO DE POESIA...
Os passos a que ando, um atrás do outro, como as letras em carreirinha, do fim para o princípio.
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