domingo, outubro 13, 2013

Pontes de saída - Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa



Este cancro metastizou, mas não é incurável. Para procurar palavras que possam ser úteis, teremos de procurar outras abordagens. Há que parar a sangria das células novas e saudáveis que todos os dias produzimos. Isso implica uma moratória ao pagamento da dívida, porque ela, insustentável no futuro, é já hoje responsável por canalizar a riqueza que produzimos para alimentar os credores financeiros. Reestruturar a dívida, protegendo pequenos aforristas e as pensões, é um problema para credores que terão feito um mau investimento, não um problema para o Estado português (teria dinheiro para pagar salários e pensões). Há que repor o contrato social, que exige uma fiscalidade justa, o que implica enfrentar as ferozes resistências dos que detêm os mais altos rendimentos, do capital financeiro, dos lucros accionistas, etc. E há que compreender que a universalidade do acesso ao serviços públicos, às funções sociais do Estado – que sabemos ser o melhor garante de igualdade e coesão social – só pode ser garantida com a defesa da sua gratuitidade para todos. Foi muito por aqui, que alastrou o cancro das engenharias neoliberais que corroeram o Estado: uma educação, saúde e segurança social cada vez mais para pobres, com o preço e a degradação da qualidade a levar os que têm mais posses para os privados.
Sandra Monteiro (Editorial) 

Pontes de saída - Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa

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