A Troika não tem nada a ver com o exame a que os professores iam ser sujeitos hoje. Nem com a marosca dos Estaleiros de Viana, nem com a Foral, nem com a criação de um lugar para o ex-comandante da PSP em Paris e, muito menos, com o caos da reforma do IRC. A Troika não pode ser desculpa para tudo, principalmente quando não tem culpa. A gente culpa a Troika, justamente, por ser cega e surda, mas se imaginarmos que a Troika de cegos e surdos lida com um governo de incompetentes e loucos, temos um resultado que inquieta.
A Troika não obrigou a UGT a vender-se por causa da prova. A Troika não impõe a transferência de competências para as freguesias, na lei Relvas, que põe em risco a sobrevivência das bibliotecas de Lisboa. A Troika nunca mandou assinar o acordo de pescas com Espanha para continuar a prejudicar os nossos pescadores. A Troika não foi ao Parlamento Europeu impedir a troca de sementes. A Troika nunca pediu reformas vitalícias para os administradores da EPUL nem sustentou mordomias aos juizes jubilados. A Troika não mandou parar os Simplex. A Troika não impediu o investimento na cultura, não impôs benefícios fiscais aos Casinos portugueses. A Troika, que se saiba, não exige que se cumpra o Acordo Ortográfico nem que os preços das telecomunicações em Portugal sejam dos mais altos da Europa.
A Troika não mandou empregar o filho do senhor Aguenta Ulrich no Estado, nem quer a dissolução da RL Mozart. A Troika não somos nós, portugueses.
Sim, a Troika é um bando de depravados capitalistas, sem ética nem moral. Nós, no entanto, somos suicidas políticos, porque andamos há 40 anos a votar em Cavacos. Paremos de nos queixar da Troika, antes que a Troika se queixe de nós, com toda a razão.
João Vasco Almeida, 18.12.2013, de Lisboa para o Facebook
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