domingo, junho 16, 2013

Professores em luta



Estive lá, e pareeceram-me muitos mais que 50 mil.
A razão principal pode até ser só uma, mas tem força que baste: defender a qualidade na escola pública num país democrático.

Fotogaleria

sexta-feira, junho 14, 2013

Alargar o campo de visão

13.6.13

O MATERIAL TEM SEMPRE RAZÃO (21):  O QUE ESTÁ EM CAUSA NA GREVE DOS PROFESSORES

O que está em causa para o governo na greve dos professores   é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos sem direitos nem justificações, a aplicar ao sector. É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas famílias.

Há mesmo em curso uma tentação de cópia do thatcherismo, à portuguesa.

(...)




terça-feira, junho 11, 2013

Inventário

Um dente d'ouro a rir dos panfletos
Um marido afinal ignorante
Dois corvos mesmo muito pretos
Um polícia que diz que garante

A costureira muito desgraçada
Uma máquina infernal de fazer fumo
Um professor que não sabe quase nada
Um colossalmente bom aluno

Um revolver já desiludido
Uma criança doida de alegria
Um imenso tempo perdido
Um adepto da simetria

Um conde que cora ao ser condecorado
Um homem que ri de tristeza
Um amante perdido encontrado
Um gafanhoto chamado surpresa

O desertor cantando no coreto
Um malandrão que vem pe-ante-pé
Um senhor vestidíssimo de preto
Um organista que perde a fé

Um sujeito enganando os amorosos
Um cachimbo cantando a marselhesa
Dois detidos de fato perigosos
Um instantinho de beleza

Um octogenário divertido
Um menino coleccionando estampas
Um congressista que diz Eu não prossigo
Uma velha que morre a páginas tantas


Alexandre O'Neill

Manifesto: Obrigado professores (Portugal, 2013)



Sem Educação não há país que ande para a frente. E é para trás que andamos quando o governo decide aumentar o número de alunos por turma, despedir milhares de professores e desumanizar as escolas, desbaratando os avanços nas qualificações que o país conheceu nas últimas décadas. Não satisfeito, continua a sua cruzada contra a escola pública. Ameaça com mais despedimentos e com o aumento do horário de trabalho dos que ficam.

Ao atacar os professores o governo torna os alunos reféns. Com menos apoios educativos e menos recursos para fazer face à diversidade de estudantes, é a escola pública que sai enfraquecida. Querem encaixotar os alunos em turmas cada vez maiores com docentes cada vez mais desmotivados. Cortam nas disciplinas de formação cívica e do ensino artístico e tecnológico, negando aos jovens todos os horizontes possíveis. 
Os professores estão em greve pela qualidade da escola pública e em nome dos alunos e das suas famílias. Porque sabem que baixar os braços é pactuar com a degradação da escola. Os professores fazem greve porque querem devolver as asas aos seus alunos que o governo entretanto roubou. Esta greve é por isso justa e necessária. É um murro na mesa de quem está farto de ser enganado. É um murro na mesa para defender um bem público cada vez mais ameaçado. 
Por isso, estamos solidários. Apoiamos a greve dos professores em nome de uma escola para todos e onde todos cabem. Em nome de um país mais informado e qualificado, em nome das crianças que merecem um ensino de qualidade e toda a disponibilidade de quem sempre esteve com elas. É preciso libertar a escola pública do sequestro imposto pelo governo e pela troika. Aos professores dizemos “obrigado!” por defenderem um direito que é de todos. 

Subscritores:
António Pinho Vargas, Compositor
Bruno Cabral, Realizador
Camilo Azevedo, Realizador, RTP
Carlos Mendes, Músico
David Bonneville, Cineasta
Eurico Carrapatoso, Compositor
Hélia Correia, Escritora
Leonel Moura, Artista plástico
Luís Varatojo, Músico, A Naifa
Luísa Ortigoso, Actriz
Jacinto Lucas Pires, Escritor
Joana Manuel, Actriz
João Salaviza, Cineasta
José Luís Peixoto, Escritor
José Mário Branco, Músico
José Vítor Malheiros, Jornalista
Marta Lança, Editora e produtora
Messias, Músico, Mercado Negro
Nuno Artur Silva, Autor e produtor
Pedro Pinho, Cineasta
Rui Vieira Nery, Musicólogo
Raquel Freire, Cineasta
Sérgio Godinho, Músico
Valter Vinagre, Fotógrafo.
Zé Pedro, Músico, Xutos e Pontapés.
Fonte: aqui 

Assalto a Lisboa, 21 a 23 junho de 2013

Convite e programa, 3 dias de assalto a aproveitar


Inscrições no local no próprio dia - Museu da Cidade, Campo Grande) ou no site das Bibliotecas Municipais de Lisboa : http://blx.cm-lisboa.pt/
Horário no Museu da Cidade
21, 6ª feira: 20.30/23.00
22, sábado: 10.30/22.00
23, domingo: 10.30/18.00

Sempre A Ler!



Ready to become a knowmad?


More: 
Website: http://www.knowmadsociety.com/
Book: On the Horizon (online since 2000) http://www.knowmadsociety.com/

E ainda
A business approach (digital marketing agency) : http://www.knowmad.com/

Os 4 princípios da "aprendizagem nómada" são assim resumidos por Ann Kramer (Ready for the future: the four principles of nomadic learning in organizations, p. 149-157 http://www.knowmadsociety.com/oth/)


The four principles of nomadic learning 
1. Insert as much reality as possible 

Because the main trait of the world is continuous change, and therefore unpredictability, we need a way of learning that is rooted in this changing reality. That is the first principle of nomadic learning: to bring in as much reality as you possibly can. This means that the ‘‘lessons’’ and the ‘‘applications of these lessons’’are one and the same, so that there is no transfer issue to the work situation anymore. For example, if there is a need to learn about team dynamics, the program is ‘‘on the job,’’ or the whole team comes ‘‘to the classroom.’’
This way, the atmosphere is much more informal. Participants are not even aware that they are learning; they are just their regular selves. At the same time, they are more aware of their behavior, because the situation is not regular. This ‘‘unconscious awareness’’ accelerates and deepens their learning.
Another possibility is to meet an unfamiliar reality, rather than the day-to-day situation of the participants. Once, for example, I took a management team to visit a group of young asylum seekers. First they shared their life stories to get to know each other. After this introduction, the asylum seekers became the personal coaches of the managers. For both groups, this was an impressive learning experience. The asylum seekers were deeply empowered as they realized that their traumatic experiences from abroad had given them much wisdom that they could share. The managers learned the benefits of opening up and letting go of their prejudices. The reality they met was very impressive and had deep impact. 
2. Incorporate multiple perspectives 
In complex situations there is never a single solution. More and even contradicting perspectives are simultaneously true.We have to learn that no one can know the whole truth, which is the core property of complexity. And, yet, we all long for certainty. We are educated by a teacher, a father, and a mother who knows what is ‘‘correct’’ and what to do. But in complexity, we have to learn to accept more realities and perspectives at the same time.

Studying harder or longer does not bring a final solution. The current complex issues of society and consequently of organizations – the lack of sustainability and the financial crisis, to name just two – cannot be solved with logical, linear, one-way thinking. Therefore the second principle of nomadic learning is that multiple perspectives are always needed. That makes collaboration in diverse environments a necessity.
Gratton (2011) shows this need as she describes the second shift towards the future of work: moving from isolated competitor to innovative connector. The basis of professional mastery is personal skill and knowledge development. These are rarely developed in isolation.
Instead, people need to make new connections, virtual and non-virtual, to learn and develop their knowledge: The future is about innovation, and sometime your best, most innovative ideas will come as you talk and work with people who are completely different from you – perhaps they have a different mindset, or come from a different country – or are younger. It is this wide network, the ‘‘big ideas crowd’’ that will be a crucial source of inspiration (Gratton, 2011, p. 262). 

3. Create a strong interconnection between ‘‘action’’ and ‘‘conceptualization’ 
Nomadic learning is embedded in the action of day-to-day working and living. There is no given structure or model to follow; we have to conceptualize our actions as we go along. We create concepts for today, which may no longer be valid tomorrow. Action and reflection are immediate and interconnected. Social media are yet again a useful image to keep in mind (Lanting, 2010). This is the third principle of nomadic learning: action and conceptualization are strongly interconnected. In a Deleuzian manner of speaking, one could intertwine the two even stronger: action and concept are one and the same. Deleuze uses the concept of becoming.

The world is never fixed, but always becoming. Our interpretations of reality, and therefore our conceptualizations of it, are part of this becoming, and not separate (Romein et al., 2009).
When conceptualizing and action are more interconnected we get a dynamic concept of knowledge. ‘‘Knowing is a dynamic, social and emotional process of constant development, influenced by cognitions and memories of stakeholders, their social relations, the context of learning, interpretations, ambitions and preferences’’ (Keursten, 2006) (my translation).
In Situated Cognition Theory, Brown et al. (1989) write: ‘‘Situations might be said to co-produce knowledge through activity. Learning and cognition, it is now possible to argue, are fundamentally situated’’ (Brown et al., 1989). Knowing and doing are inseparable because all knowledge is situated in activity bound to social, cultural and physical contexts. Nomadic learning correspondents perfectly to this tradition. 
4. Make the learning horizontal 
By translating this nomadic, rhizomatic way of thinking to learning, nomadic learning becomes non-hierarchical. It is horizontal in the way people relate. That is the fourth principle of nomadic learning. There are no longer any experts telling us what to do because there no longer is one, big truth to follow. That is why the trainer becomes a facilitator and the participant becomes a co-learner. Together they are searching, learning, and creating a truth for the moment. They are creating rhizomes. Again, social media present a good example: anyone can ask anything they want to know at any moment all around the world, and share experiences, networks, and knowledge (Lanting, 2010). To put it rhizomatically: ‘‘Any point of a rhizome can be connected to anything other, and must be’’ (Deleuze and Guattari, 1993, p. 29).

segunda-feira, junho 10, 2013

Luís de Camões - ler em qualquer parte do mundo

O sempre atento Carlos Pinheiro brinda-nos com este e-book muito a propósito do dia. Boas leituras!

Jardins



A Amizade Floresce em Jardins Inapagáveis
Mário Cláudio


Frase inscrita os sacos dos Amigos de Serralves na Festa de 2013
Fotos da Angelina, voluntária partilhante em Bibliotecar

sábado, junho 08, 2013

IMENSO SUL: Luta de Classes


É ridícula a ideia de que a divulgação deturpa. A banalização é sempre tarefa de quem banaliza e não do objeto banalizado. Quem não for capaz de convocar os seus sentidos e a sua razão para apreciar uma determinada obra, apenas por acreditar que se encontra muito difundida, tem problemas graves ao nível do espírito crítico e da isenção mais básica. Esse é um daqueles casos em que se aconselha a lavagem de olhos. É aí que reside a deturpação.

IMENSO SUL: Luta de Classes: Foto: Carlos Jesus Não contem comigo para defender o elitismo cultural. Pelo contrário, contem comigo para rebentar cada detalhe do seu ...

Ler é interagir com um autor

terça-feira, junho 04, 2013

As horas necessárias


MOÇÃO APROVADA NO AGRUPAMENTO ESCOLAS PISCINAS-LISBOA:

Vivemos um tempo de terríveis contornos e de difícil entendimento. Diariamente a população portuguesa é confrontada com decisões que não honram a nobreza inerente à actividade política. O retrocesso civilizacional está em curso e a esperança mortalmente fragilizada. Demasiados têm sucumbido ao desespero e um só que fosse já seria intolerável. 
A destruição do futuro faz-se assim sentir como um tsunami de consequências ainda dificilmente mensuráveis, mas que se adivinham dantescas. Porque é já um inferno o que se vive hoje. Este é pois um tempo que é produto da demolição de valores que deveriam ser intocáveis. Um tempo que cumpre a hecatombe dos dias que hão-de vir. Por isso é urgente agir. Por isso a Escola Pública necessita afirmar Basta!
Evoluímos, ao longo das nossas vidas, na confiança da bondade humana, na convicção do primado da solidariedade, na defesa da igualdade e da felicidade como um bem de direito universal. Crescemos como cidadãos assumindo essa faceta de nós mesmos, com seriedade e respeito. Por isso educámos de acordo com a ética da verdade, da honestidade, do esforço, da partilha, da participação responsável, da luta por ideais de fraternidade. Educámos na certeza da evolução humana e que a injustiça e a mentira sucumbe sob o esforço de todos. Explicámos assim, por que razão a união fraterna é tão importante. 
Valorizámos o conhecimento e pensamento crítico, empenhámos vida na vida dos outros. Abandonámos o relógio da pressa sob o lema da entrega total. Perdemos muitas vezes a força para logo a reencontrar. Caminhámos já muito, por terras e gentes, encontros e desencontros Os nossos passos estão pesados de nomes e rostos e histórias e dramas. Pesados de livros e ideias e rugas no pensamento porque nunca há tempo para o tanto que sonhamos fazer. Enfim, somos professores. Somos educadores. Somos gente.
E como gente que somos e professores que escolhemos ser, não podemos calar a mágoa profunda que a incompetência governativa nos causa. De quem são filhos e de quem foram alunos esta gente que não ouve e não escuta, não olha e não vê, não sabe e não procura? Onde falhou a educação ética dos que nos desgovernam hoje? 
E por que somos professores e educadores, não podemos assistir à destruição de famílias que procuram refúgio na escola para a fome que as assola, e calar. Não podemos e não devemos sentir a vergasta sobre os nossos ombros e calar. Não podemos observar a ruína da educação e da escola pública e calar. Não podemos avaliar a incompetência e acima de tudo a má índole das políticas sociais, económicas e educativas e calar.
No que diz respeito à Escola Pública, podemos concluir que, ao longo da História, ela tem sofrido avanços e recuos evolutivos, mas existe um denominador transversal no tempo: o escasso respeito estatal pela figura do professor. Bem amado por homens e mulheres que não padecem de memória fraca, o professor tem sido constantemente uma peça amovível num tabuleiro de jogo político de questionáveis intenções e, nos últimos anos, a situação tem atingido níveis sórdidos no que é acompanhado por um discurso institucional ofensivo.
Considerando o exposto, os professores do Agrupamento de Escolas Piscinas – Olivais reunidos na escola sede, nos dias 22; 29 e 30 de Maio, passam a expor as questões que directamente têm tornado a relação institucional com a Educação Pública em geral e os professores em particular, num caso patológico:
- O inadmissível arrastamento da precariedade docente fundamentando-se esta situação numa mentirosa avaliação das necessidades educativas;
- O escandaloso aumento do desemprego docente;
- O intolerável congelamento de carreira relativamente aos docentes do quadro;
- O desonesto roubo salarial que mensalmente são alvo professores e educadores que já auferiam vencimentos pouco dignificantes;
- O imoral roubo dos subsídios mascarando-se um deles com a alteração dos escalões do IRS;
- A mexida operada nos currículos à revelia de princípios pedagógicos científicos e com o desprezo absoluto do que pensam, os verdadeiros profissionais;
- A depauperação das condições de trabalho nas escolas;
- A desigual distribuição dos recursos educativos pelo universo das escolas;
- A kafkiana burocratização no funcionamento da Escola Pública;
- A sobrecarga de trabalho com número excessivos de alunos por turma e de turmas por professor;
- O anúncio insano de aumentar ainda mais um horário de trabalho que já se alarga na prática para além do determinado na lei e entrando na esfera privada de cada docente;
- O anúncio desumano do regime de mobilidade especial;
- O não reconhecimento da profissão docente como sendo uma actividade de extremo desgaste físico e psicológico;
- O não reconhecimento da depressão, tendinites, nódulos nas cordas vocais e outras patologias como doenças profissionais;
- A alteração ao regime de protecção na doença castigando na doença ao nível mais desprezível;
Face ao enunciado, os professores rejeitam em absoluto o quadro actual vigente e, invocando a sua ética cívica e profissional bem como uma praxis pautada pela abnegação, exigem: 
1) O direito a serem tratados com dignidade e respeito não admitindo um tratamento aquém deste. 
2) A abertura de vagas de quadro de acordo com as reais e não ficcionadas necessidades;
3) A rejeição da possibilidade de aumento do horário de trabalho;
4) A rejeição da possibilidade do regime da mobilidade especial;
5) O imediato descongelamento da progressão das carreiras e a recuperação do tempo para o efeito;
6) A devolução do total remuneratório que lhes tem sido retirado;
7) A reposição e actualização de acordo com a inflação do nível salarial;
8) Seriedade na política nacional em geral e na educativa em particular;
9) A reavaliação do desenho curricular auscultando os professores;
10) A desburocratização do ensino;
11) A requalificação das condições de trabalho melhorando de forma igualitária os recursos nas escolas;
12) A diminuição do número de alunos por turma;
13) O reconhecimento de doenças profissionais de acordo com pareceres médicos;


Os professores do agrupamento de escolas Piscinas – Olivais determinam que, a partir do dia 30 de Maio, passarão a assumir as seguintes posições caso não se verifique alteração da situação descrita:


1) Aderir e desenvolver todas as formas de luta necessárias e consideradas eficazes com vista à alteração da política educativa actual nomeadamente greves ao serviço de avaliação, greves ao serviço de exames, greves gerais, manifestações, concentrações e outras que se vierem a ponderar;

2) Reanalisar nas estruturas adequadas os mecanismos e instrumentos de avaliação discente;

3) Não exceder o horário de trabalho de 35 horas semanais tenha esta decisão o impacto que tiver;

4) Solicitar a compensação de tempo não lectivo quando este tiver excepcionalmente e por acordo do docente, excedido o estipulado;

5) Em caso de recusa de compensação, exigir o pagamento de horas extraordinárias;

6) Tornar pública esta Moção por todas as vias existentes;

7) Dar a conhecer esta Moção ao Primeiro Ministro; Ministro da Educação; Presidente da Assembleia da República; Grupos Parlamentares;

8) Criar uma comitiva de professores para entregar a Moção nas entidades anteriormente referidas.

Lousã, 2013

EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA
“Direitos e deveres culturais
Artigo 73.º
(Educação, cultura e ciência)
1. Todos têm direito à educação e à cultura.
2. O Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a educação, realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais e culturais, o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade, para o progresso social e para a participação democrática na vida coletiva.”
Constituição da República Portuguesa
Os professores da Escola Básica nº 2 da Lousã, tomando em consideração as políticas deste Governo e do Ministério da Educação, nomeadamente:
  1. O esgotamento e empobrecimento da Escola Pública através de turmas sobrelotadas, dificultando inaceitavelmente o trabalho pedagógico com os alunos, prejudicando particularmente aqueles que têm mais dificuldades;
  2. A diminuição do investimento na Educação (2009 – 5,9% do PIB; 2012 – 3,9% do PIB; média da OCDE – 6,2% do PIB;
  3. O número crescente de turmas e alunos por professor, facto potenciador de um ensino desrespeitador da individualidade e diferenciação pedagógica;
  4.  O aumento do número de tempos letivos por professor, dificultando a capacidade de resposta dos docentes à diversidade das aprendizagens, suscitada pelo necessário carácter inclusivo da Escola pública;
  5. O congelamento das carreiras e progressões profissionais, que se verifica, embora intermitentemente, desde 2005, eliminando desse modo qualquer estímulo ao desenvolvimento profissional;
  6. A constituição de mega-agrupamentos, inibidores de uma gestão de proximidade que, atempadamente, resolva os diversos e complexos problemas da comunidade educativa e tornando as escolas praticamente ingovernáveis do ponto de vista científico-pedagógico e impedindo a articulação horizontal e vertical dos currículos de ensino, ao mesmo tempo que visam, quase exclusivamente a redução de pessoal docente e não docente e a redução da despesa e do investimento em Educação;
  7. A mobilidade especial/ requalificação profissional a aplicar a todos os professores colocados em situação de horário zero, por força das medidas artificiais criadas pelo governo;
  8. A proposta de aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas, o que conduzirá inevitavelmente à degradação das condições mínimas  das tarefas pedagógicas a realizar com os alunos;
  9.  O aumento da idade da reforma, absurdo dado o desgaste físico e emocional inerente ao desempenho da profissão docente.
Entendem os subscritores deste documento:
  1. Exigir a devida valorização da educação enquanto aposta estratégica fundamental para o futuro do país e o correspondente aumento do investimento neste setor.
  2. Exigir uma política educativa centrada na qualidade e que salvaguarde uma efetiva igualdade de oportunidades, o que só é possível com condições de trabalho que as medidas já tomadas e anunciadas de forma nenhuma favorecem.
  3. Exigir que todas as atividades pedagógicas desenvolvidas com os alunos sejam incluídas na componente letiva.
  4. Exigir uma adequada definição da rede escolar de modo a que, havendo capacidade de resposta por parte das escolas da rede pública, não sejam estabelecidos contratos de associação com instituições de ensino particular e cooperativo.
  5. Rejeitar em absoluto o aumento do horário de trabalho letivo e/ou não letivo dos professores, por ser incompatível com um trabalho docente digno e profissional, que exige um esforço físico, intelectual, emocional, de atualização científico-pedagógica e de acompanhamento pedagógico dos alunos.
  6. Rejeitar em absoluto a integração de qualquer professor na chamada mobilidade especial/requalificação profissional, por se considerar que não há professores a mais na escola. Pelo contrário, há professores a menos nos quadros para se poder dar uma resposta adequada às exigências colocadas pela especificidade dos diferentes alunos. (Ver estatísticas do relatório Estado da Educação – Autonomia e Descentralização, elaborado pelo Conselho Nacional de Educação, de 2012, p. 101, fig. 3.4.3.).
  7. Apelar aos diferentes órgãos de soberania, no sentido de impedirem o desastre anunciado na Educação, caso prossiga esta política.
  8. Anunciar a disposição de recorrer ao Direito de Resistência previsto no artigo 21.º da Constituição da República, sempre que as medidas referidas ameacem pôr em causa direitos fundamentais.
  9. Adotar diferentes formas de luta que podem passar pela adesão a diferentes tipos de greve coincidentes ou não com períodos de avaliação e/ou exames.
  10. Enviar o presente documento ao MEC, DGestE, aos diferentes grupos parlamentares, aos sindicatos, à comunicação social, à CAP, ao Conselho Geral da Escola e ao Presidente da Associação de Pais.
  11. Divulgar ainda este documento junto de outras escolas. Lousã, 29 de maio de 2013

sábado, junho 01, 2013

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito : « Quem alcançou o topo, passou a acreditar que o sucesso foi um feito seu, uma medida do seu ...