Os passos a que ando, um atrás do outro, como as letras em carreirinha, do fim para o princípio.
quinta-feira, fevereiro 28, 2019
sábado, fevereiro 23, 2019
quarta-feira, fevereiro 20, 2019
terça-feira, fevereiro 12, 2019
ROSA
AS IDADES DE ROSA MARIA
«Quando tinha seis anos, em 1725, um navio negreiro trouxe-a de África e ela acabou vendida no Rio de Janeiro.Quando tinha catorze, o dono abriu-lhe as pernas e ensinou-lhe um oficio.Quando tinha quinze, foi comprada por uma fábrica de Ouro Preto, que passou a alugar o seu corpo aos garimpeiros.Quando tinha trinta, essa família vendeu-a a um sacerdote, que praticava nela os seus métodos de exorcismo e outros exercícios nocturnos.Quando tinha trinta e dois, um dos demónios que habitavam o seu corpo fumou pelo seu cachimbo, uivou pela sua boca e fê-lo contorcer-se no chão. E por isso foi condenada a cem chicotadas na praça da cidade de Mariana, e o castigo deixou-lhe um braço paralisado para sempre.Quando tinha trinta e cinco, jejuou e rezou e mortificou a sua carne com um cilício, e a mãe da Virgem Maria ensinou-a a ler. Segundo dizem, Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz foi a primeira negra alfabetizada no Brasil.Quando tinha trinta e sete, fundou um asilo para escravas abandonadas e putas fora de prazo, que financiava vendendo biscoitos amassados com a sua saliva, remédio infalível contra qualquer doença.Quando tinha quarenta, inúmeros fiéis assistiam os seus transes, onde ela dançava ao ritmo de um coro de anjos, envolta em fumo de tabaco, e onde o Menino Jesus mamava do seu peito.Quando tinha quarenta e dois, foi acusada de feitiçaria e presa na cadeia do Rio de Janeiro.Quando tinha quarenta e três, os teólogos confirmaram que era feiticeira porque conseguiu suportar sem uma queixa, durante muito tempo, uma vela acesa sob a língua.Quando tinha quarenta e quatro, foi enviada para Lisboa e presa na cadeia da Santa Inquisição. Entrou nas câmaras de tortura para ser interrogada e nunca mais se soube dela.»Eduardo Galeano, Espelhos – Uma História Quase Universal
domingo, fevereiro 10, 2019
Netos de Aristides de Sousa Mendes acusam em tribunal defensores de Salazar. Justiça e memória!
Grata à Família que assim se continua a ilustrar, para bem de todos nós. Recorde-se que Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus no ano de 1940, pela sua fraternidade, bravura e compaixão, salvou milhares de pessoas, e pagou o preço da ruína por isso.
Aristides e Salazar voltam a encontrar-se em tribunal: O rol das acusações não é curto (ofensa à memória de pessoa falecida e difamação, por exemplo). Mas inclui também um crime de que não há memória de ter sido alguma vez julgado em Portugal: negacionismo do Holocausto. Este está previsto no artigo 240.º do Código Penal e prevê uma pena de prisão de seis meses a cinco anos para quem, publicamente, proceder à "apologia, negação ou banalização grosseira de crimes de genocídio, guerra ou contra a paz e a humanidade".
Essa acusação - que agora o tribunal terá de dirimir, julgando-a ou não - surge porque os réus terão desvalorizado a ação de Sousa Mendes em junho de 1940 em Bordéus com o argumento de que, nessa altura, os judeus não estavam verdadeiramente em perigo.
"Aristides não salva ninguém da morte"
Essa acusação - que agora o tribunal terá de dirimir, julgando-a ou não - surge porque os réus terão desvalorizado a ação de Sousa Mendes em junho de 1940 em Bordéus com o argumento de que, nessa altura, os judeus não estavam verdadeiramente em perigo.
"Aristides não salva ninguém da morte"
Os autores da queixa são quatro netos do cônsul: António Pedro, Guy Gerald, Sheila Pierce e Aristides. E os réus da Texto Principal (editora proprietária do semanário O Diabo), Duarte Branquinho e Miguel Mattos Chaves (ambos ex-diretores daquele jornal), Carlos Fernandes (um embaixador reformado) e João Brandão Ferreira (coronel reformado). A estes os queixosos pedem, ao todo, 150 mil euros de indemnização cível.
sábado, fevereiro 09, 2019
2019, e ainda nisto...
"A primeira coisa que é preciso perceber: não são as mulheres burras que caem nas mãos dos homens maus. Não é o capuchinho vermelho que cai na mão do lobo mau. É qualquer pessoa.O pior é pensar que quem cai e quem não consegue sair desta situação fá-lo por falta de inteligência. Acredito que em parte seja por vergonha. Por muita vergonha.Uma das coisas com que o agressor conta é com a vergonha da vítima. Com o seu silêncio. Também com a desatenção dos amigos e da família.O agressor conta com o isolamento da vítima; e até, tendo em conta o elevado número de penas suspensas, com a complacência das autoridades."
https://vidaextra.expresso.pt/cronicas/2019-02-08-Porque-e-que-alguem-fica-com-um-homem-que-lhe-bate---Eu-sei-o-que-e-violencia-domestica-e-tu--
sexta-feira, fevereiro 08, 2019
quinta-feira, fevereiro 07, 2019
Lisboa, não sejas racista
Lisboa, não sejas racista
Não é só pra turista
Vir e ocupar
Lisboa, não sejas racista
Velha cavaquista
Não queiras voltar
Lisboa, não sejas racista
E crê que esta lista
Não vai amansar
Lisboa, não vives não falas
Tira-me essas palas
E aprende a escutar
Não é só pra turista
Vir e ocupar
Lisboa, não sejas racista
Velha cavaquista
Não queiras voltar
Lisboa, não sejas racista
E crê que esta lista
Não vai amansar
Lisboa, não vives não falas
Tira-me essas palas
E aprende a escutar
quarta-feira, fevereiro 06, 2019
terça-feira, fevereiro 05, 2019
sábado, fevereiro 02, 2019
Vitórias. Behrouz Bouchani
Finte: BBC News
O jornalista curdo escreveu um livro sobretudo com mensagens WhatsApp enviadas da prisão. Foi um dos 6 nomeados para o Prémio Literário, na secção de não-ficção.
Ganhou o primeiro prémio.
"É uma vitória não apenas para nós, mas também para a Literatura e a Arte, e é, sobretudo, uma vitória para a Humanidade - uma vitória para os seres humanos e a dignidade humana. Uma vitória contra um sistema que nos reduziu a números. Este é um belo momento.", afirma.
O Prémio é o mais importante prémio literário australiano.
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