domingo, abril 30, 2017

In memoriam Paulo Varela Gomes 1952-2016

Foto de Vitor Serrão.

Quando morre um homem

Quando eu um dia decisivamente voltar a face
daquelas coisas que só de perfil contemplei
quem procurará nelas as linhas do teu rosto?

Quem dará o teu nome a todas as ruas
que encontrar no coração e na cidade? 

Quem te porá como fruto nas árvores ou como paisagem
no brilho de olhos lavados nas quatro estações? 

Quando toda a alegria for clandestina
alguém te dobrará em cada esquina ?


Ruy Belo, 'Aquele Grande Rio Eufrates' (1961)

domingo, abril 23, 2017

"Arte não é informação" - Leia o texto inédito de Luiz Camillo Osorio - Prêmio PIPA


Tecnologia sem sabedoria
é gaita que não assobia

(digo eu, que adoooooooooooooooro novidades da tecnologia)


"Todavia, o fundamental é, acima de tudo, ver as obras, perder tempo vendo, reparar, olhar, falar sobre o que está sendo visto (ou imaginado), destacar as especificidades e o que interessa ou não nas obras. Deixar algum eventual desamparo atuar e saber lidar com ele no enfrentamento da arte. O importante é ir se dando conta de que olhar e falar do que está vendo é determinante na formação do gosto e do nosso conhecimento. Isso acontece naturalmente e é sempre comparativo e acumulativo. Se de fato houver interesse, quanto mais se vê, mais se gosta e quanto mais se gosta, mais se quer saber. Entretanto, ninguém gosta por nós e tampouco será sabendo sobre as obras, acumulando informação, que se vai poder gostar de arte. Arte é experiência.(...)O perigo desta tecnologia, digo isso sem demonizar sua presença já instaurada em nossas vidas, é que ela acaba introduzindo um elemento entre nosso olho e o quadro, que tira ainda mais tempo do nosso prazer com o que não sabemos, com aquilo que não é da ordem do saber, com o que não é informação, mas expressão. É claro que os otimistas sempre retrucam que uma coisa não elimina a outra. Em tese tudo bem. Entretanto, nossa subjetividade já está danificada, viciada na informação, completamente desacostumada em não saber e ser convocada por isso. O não-saber que nos convoca é raro, mas é ele que caracteriza a experiência estética, a potência sem nome que nos faz sentir e pensar sem necessariamente já-saber e que vai constituindo em ato novas formas de saber. É justamente no intervalo entre percepção, reconhecimento e saber que entra em cena a imaginação, a faculdade que nos faz ir além do sabido e a arriscar novas possibilidades de saber.Vivemos em uma época acelerada. Não temos tempo para re-parar em nada, pois precisamos estar em movimento e acumulando (e descartando) informações. Nada como a tecnologia para nos garantir mais material informativo, sem nos perguntar se teremos tempo para ler tudo isso e saber tanta coisa. Ou seja, a mediação tecnológica pode estar nos tornando detentores de muito conhecimento (e poder), mas simultaneamente, desconfio eu, está nos deixando ainda mais pobres de experiência, regredidos esteticamente e limitados na nossa capacidade de imaginar. Por isso, acho bacana, mas tenho um pé-atrás em relação a este aplicativo da Smartify."

"Arte não é informação" - Leia o texto inédito de Luiz Camillo Osorio - Prêmio PIPA



Texto de 20.04.2017, acedido via Maria Vlachou, no Facebook

Leitura & cidadania


Estudo para cartaz. Miguel Horta, 2017

Não ser letrado é uma forma de pobreza

Teresa Calçada
Comissária do Plano Nacional de Leitura
2017

Celebramos a leitura e as parcerias do Bairro Leitor na próxima 4ª feira, com vozes de miúdos e graúdos no Casalinho da Ajuda, na Lisboa que amamos
Uma Biblioteca ao mesmo tempo escolar e comunitária, porque esteja a gente onde estiver, sempre somos gente que lê e quer que todos saibam, possam, consigam ler. Contra a exclusão e a pobreza em todas as suas formas, para vivermos melhor.
Um edifício público inaugurado em 1983 que ganha novas valências, atento à população que servimos.

A Laredo Associação Cultural está envolvida desde o início neste projeto BIPZIP, de que é promotora com a Junta de Freguesia da Ajuda e a AASPS. 
Por aqui ando construindo, com a ajuda de muitos e uma bela equipa que vai crescendo - Mónica Cordeiro, Lurdes Caria, Miguel Horta, Isabel Branco.

Assim à nossa maneira celebramos também o Dia Mundial do Livro (23) e o 25 de Abril!

Mapa do local aqui


Não ser letrado é uma forma de pobreza (e de exclusão)

Elsa Maria Conde (à esquerda) e Teresa Calçada


Até agora o Plano Nacional de Leitura (PNL) esteve concentrado nos alunos e nas suas famílias. Como se leva o plano para fora da escola? 
Teresa Calçada (T.C.) — O PNL quer que se leia em todo o lado. Vamos apostar em estratégias que ponham a leitura como um bem na vida das pessoas, como um combate à pobreza. Não ser letrado é uma forma de pobreza.
Plano Nacional de Leitura vai ter medidas para pôr os rapazes a ler mais - PÚBLICO

Se não se ler bem, é-se diminuido na cidadania e nas oportunidades - PÚBLICO

Cartoonxira 2017

Foto de Vasco Gargalo.

Persistir é vencer
Parabéns, António
Parabén, Vila Franca de Xira. Este ano, com o Quino

Parabéns à AJA

Foto de Helena Pato.



No próximo dia 25 de abril com a inauguração, pela CML, do memorial a José Afonso, no jardim das francesinhas, culmina um longo caminho, iniciado pelo Núcleo de Lisboa, da Associação José Afonso, ao apresentar ao orçamento participativo de 2012 o projeto de um memorial a José Afonso, projeto esse vencedor do referido orçamento. Convidámos a Faculdade de Belas Artes de Lisboa para que os seus alunos elaborassem o projeto e é o resultado desse trabalho, que teve entretanto muitas alterações, como acontece em situações deste tipo, que agora temos o prazer e a honra de podermos divulgar e apelar à vossa participação na sua inauguração.Estamos todos de parabéns! A CML, a AJA, a FBAL, os amigos do Zeca e todos quantos trabalham de forma empenhada para que a sua memória permaneça viva

(Do comunicado aos associados da AJA)

Mapa:

quinta-feira, abril 06, 2017

Adriano Correia de Oliveira - "Tejo que levas as águas" do disco "Que N...

2077 - 10 segundos para o Futuro




Trailer anunciando produçãoem curso, que promete, na RTP.

Via Marta Bobichon Neves

Gentileza, Ternura, Compaixão tornam-nos mais saudáveis

 
Richard Davidson, doutor em Neuropsicologia, investigador em neurociência afectiva
Descobri que uma mente calma pode produzir bem-estar em qualquer tipo de situação. E quando me dediquei a investigar, por meio da neurociência, quais são as bases para as emoções, fiquei surpreso de ver como as estruturas do cérebro podem mudar em tão somente duas horas.(...)
Os estudos nos dizem que estimular a ternura em crianças e adolescentes, melhora os resultados acadêmicos, o bem-estar emocional e a saúde deles. 

E como se treina isso?
Primeiro, levando a mente deles até uma pessoa próxima, que eles amam. Depois, pedimos que revivam um momento em que essa pessoa estava sofrendo e que cultivem o desejo de livrar essa pessoa do sofrimento. Logo, ampliamos o foco para pessoas não tão importantes e, por fim, para aquelas que os irritam. Estes exercícios reduzem substancialmente o bullying nas escolas. 

Da meditação à ação há uma distância.
Umas das coisas mais interessantes que tenho visto nos circuitos neurais da compaixão é que a área motora do cérebro é ativada: a compaixão te capacita para agir, para aliviar o sofrimento.
Tibet House Brazil – “A base de um cérebro saudável é a bondade, e pode-se treinar isso”

Traduzido do original - artigo de La Vanguardia (2017)

quarta-feira, abril 05, 2017

terça-feira, abril 04, 2017

Tornar-nos cada vez mais cansados, faz de nós pouco produtivos = sistema estúpido



“O Funcionário Cansado”
A noite trocou-me os sonhos e as mãos

dispersou-me os amigos

tenho o coração confundido e a rua é estreita

estreita em cada passo

as casas engolem-nos

sumimo-nos,

estou num quarto só num quarto só

com os sonhos trocados

com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado

um funcionário triste

a minha alma não acompanha a minha mão

Débito e Crédito Débito e Crédito

a minha alma não dança com os números tento escondê-la envergonhado

o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente

e debitou-me na minha conta de empregado

Sou um funcionário cansado dum dia exemplar

Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?

Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?
Soletro velhas palavras generosas

Flor rapariga amigo menino

irmão beijo namorada

mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho

palavras soterradas na prisão da minha vida

isto todas as noites do mundo uma noite só comprida

num quarto só
António Ramos Rosa
Ouvir aqui


Por causa disto:


Portugueses trabalham cada vez mais horas e põe saúde e família em risco – O Jornal Económico (2017)

Estes senhores da cidade

Estes senhores da cidade, senhores compenetrados que já não sabem dançar à noite sob o luar, que já não sabem andar sobre a carne de seus pés, que já não sabem contar histórias noite adentro!... 
ora, escuta mundo branco! escuta nos seus argumentos grandiosos o seu miserável estertor. quanto a nós, negros, só nos resta a piedade. piedade para os nossos vencedores omniscientes e ingénuos! 

Léopold Senghor

domingo, abril 02, 2017

LGP - "Waiting on the world to change" - Agrupamento D.Dinis Leiria

Balea de Federico Fernandez y Germán González- Kalandraka

Cláudio Torres: “Foi na prisão que recebi o primeiro abraço do meu pai”

Ao fim de 30 anos descobrimos que a ideia de que a islamização da península decorreu de uma invasão é cada vez mais uma mitologia. Pode até ter havido várias invasões, mas o que islamizou a Península Ibérica foi a grande conversão do cristianismo não católico, que era dominante. É isso que nos dizem as lápides encontradas neste cemitério, de pessoas ligadas ao mundo monofisita, não católico, precisamente a minoria que se converte ao Islão. Outra grande descoberta é o povoamento: graças à arqueologia, hoje sabemos que o povoamento do Sul da Península Ibérica é o mesmo que o do Norte de África. São as mesmas pessoas, a mesma civilização, a mesma língua.


Expresso | Cláudio Torres: “Foi na prisão que recebi o primeiro abraço do meu pai”

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito : « Quem alcançou o topo, passou a acreditar que o sucesso foi um feito seu, uma medida do seu ...