Apesar de acreditar que a leitura de obras de diversas proveniências cronológicas e geográficas é extremamente útil para a formação de qualquer pessoa e pode de facto contribuir para atenuar fossos, pondo o leitor em contacto com realidades muito diferentes das que habitualmente conhece, isso por si só não basta. É preciso também saber ler de forma despreconceituosa. Se o leitor procura um manual de etnografia que corrobore todas as suas ideias já feitas, é bem possível que esta obra corra o risco de não atenuar qualquer fosso, ou mesmo de desiludir o leitor. Se não for esse o caso, é bem possível que o leitor fique enormemente espantado pela riquíssima imaginação e surpreendentes fantasias nela patentes. Talvez assim ganhe mais consideração por quem a concebeu, e consequentemente pelos descendentes dos povos que a produziram. Afinal, é precisamente pelo seu imaginário maravilhoso que estes contos se tornaram tão conhecidos universalmente.
"Falarei sucessivamente dessas três formas, a saber: o erotismo dos corpos, o erotismo dos corações e, finalmente, o erotismo sagrado. Falarei dessas três formas a fim de deixar bem claro que nelas o que está sempre em questão é substituir o isolamento do ser, a sua descontinuidade, por um sentimento de continuidade profunda".
Prosseguimos até domingo, em dias intensos, outra vez, de palavra em silêncio, de conversa em partilha. Histórias, e livros, ideias, e exercícios,Inscrição - BOL (gratuita), aqui
Começamos no dia 22, 4ª feira... antecipando o Festival de Narração, ao fim da tarde, Eu conto para que tu sonhes
Certificado das Oficinas (13, a decorrer na 6ª feira e no sábado), cada sessão 90 minutos.
Por isso, as duas resolveram juntar-se e lançaram a campanha On The Same Page, que pede que a indústria internacional de livros e media se envolva ativamente na garantia do respeito aos direitos humanos.
Como os direitos mínimos estão sendo desafiados em várias partes do mundo, a campanha surgiu para mobilizar livreiros e editores em todo o mundo e garantir que estão todos “na mesma página”.
Para participar, os livreiros são convidados a montar exposições de livros selecionados, enquanto os editores podem organizar leituras e eventos dedicados ao tema dos direitos humanos. O apelo para aderir estende-se a autores, tradutores, ilustradores, poetas, blogger, humoristas... e todos os visitantes da Feira.
Disponibiliza-se um banner (ver imagem) em inglês e alemão.
A campanha nas redes sociais começa em Setembro e diversos eventos sobre o tema estão sendo preparados para a Feira de Frankfurt.
Ler mais aqui A história do documento em pouco mais de 6 minutos; falado em inglês, com legendas em inglês, e possibilidade de tradução automática das legendas para muitas línguas:
A solidariedade é a maior ameaça para o capitalismo financeiro. A solidariedade é o lado político da empatia, do prazer de estarmos juntos. E quando as pessoas gostam mais de estar juntas do que de competir entre si, isso significa que o capitalismo financeiro está condenado. Daí que a dimensão da empatia, da amizade, esteja a ser destruída pelo capitalismo financeiro. Mas atenção, não acredito numa vontade maléfica. O que me parece é que os processos tecnológico e econômico geraram, simultaneamente, o capitalismo financeiro e a aniquilação tecnológica digital da presença do outro. Nós desaparecemos do campo da comunicação porque quanto mais comunicamos menos presentes estamos – física, erótica e socialmente falando – na esfera da comunicação. No fundo, o capitalismo financeiro assenta no fim da amizade. Ora, a tecnologia digital é o substituto da amizade física, erótica e social através do Facebook, que representa a permanente virtualização da amizade. Agora diz-se que é preciso “consertar o Facebook”. O problema não está em “consertar” o Facebook, mas sim em ‘consertarmo-nos’ a nós. Precisamos de regressar a algo que o Facebook apagou.
O pensamento crítico pode ajudar a “consertarmo-nos”?
Não há pensamento crítico sem amizade. O pensamento crítico só é possível através de uma relação lenta com a ciência e com as palavras. O antropólogo britânico Jack Goody explica na sua obra “Domesticação do Pensamento Selvagem” que o pensamento crítico só é possível quando conseguimos ler um texto duas vezes e repensar o que lemos para podermos distinguir entre o bem e o mal, entre verdade e mentira. Quando o processo de comunicação se torna vertiginoso, assente em multicamadas e extremamente agressivo, deixamos de ter tempo material para pensarmos de uma forma emocional e racional. Ou seja, o pensamento crítico morreu! É algo que não existe nos dias de hoje, salvo em algumas áreas minoritárias, onde as pessoas podem dar-se ao luxo de ter tempo e de pensar.
"Como a Literatura nos transforma", Alberto Manguel
"A literatura pode ser transformadora, mas não necessariamente. Uma pessoa pode ler a Divina Comédia e não sentir nada, entediar-se. Porque o livro que o leitor cria lendo-o é o produto da troca entre essas palavras que estão na página e a experiência íntima do leitor. (...)
A Comédia que eu leio responde a dúvidas secretas, desejos ocultos, paixões não confessadas que estão diante de mim. Então eu respondo à leitura da Comédia que me dá a possibilidade de transformação. Eu me sinto transformado depois da leitura de certos livros. Mas essa transformação ocorre porque, nos elementos que o texto me dá, eu encontrei a matéria para estimular a minha transformação. É um verbo activo o verbo "ler". É um verbo que preciso de um sujeito que quer transformar-se, que busca transformar-se."