Burro de madeira é levado para a frente do Parlamento Português, durante um protesto de professores em Lisboa contra cortes na verba nacional para a educação. Imagem daqui |
No caminho com Maiakóvski
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Eduardo Alves da Costa (Brasil, 1936) Retirado daqui
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