ESTRELAS
O azul do céu precipitou-se na janela. Uma vertigem, com certeza. As estrelas, agora, são focos compactos de luz que a transparência variável das vidraças acumula ou dilata. Não cintilam, porém.
Chamo um astrólogo amigo:«Então?»«O céu parou. É o fim do mundo».Mas outro amigo, o inventor de jogos, diz-me:«Deixe-o falar. Incline a cabeça para o lado, altere o ângulo de visão».Sigo o conselho: e as estrelas rebentam num grande fulgor, os revérberos embatem nos caixilhos que lembram a moldura dum desenho infantil.
[Carlos de Oliveira, "Sobre o Lado Esquerdo"]
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