segunda-feira, março 07, 2016

Uma mensagem para o livro infantil - Conta uma história

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Para 2016, a mensagem com o tema “Era uma vez…” tem a escritora Luciana Sandroni responsável pelo texto e Ziraldo como autor da ilustração do pôster. Como tradição, a FNLIJ divulga no seu site a mensagem do Dia Internacional da Criança, que nesta edição do seu periódico Notícias, conta com estas informações que estão divulgando aqui e ainda com um suplemento especial apresentando a mensagem de 2016 de Luciana Sandroni e Ziraldo.
A mensagem “Era uma vez”…
“Era uma vez uma…
Princesa? Não.
Era uma vez uma biblioteca.
E também era uma vez a Luísa que foi à biblioteca pela primeira vez.
A menina andava devagar, puxando uma mochila de rodinhas enoooorme.
Ela olhava tudo muito admirada:
Estantes e mais estantes recheadas de livros.
Mesas, cadeiras, almofadas coloridas, desenhos e cartazes nas paredes.
– Eu trouxe a foto – disse timidamente para a bibliotecária.
– Ótimo, Luísa! Vou fazer sua carteira de sócia.
Enquanto isso pode escolher o livro.
Você pode escolher um livro para levar para casa, tá?
– Só um?! – perguntou desapontada.
De repente, tocou o telefone e a bibliotecária deixou a menina
com aquela difícil tarefa de escolher somente um livro
diante daquela infinidade de estantes.
Luísa puxou a mochila e procurou, procurou até que achou o seu favorito:
Branca de Neve.
Era uma edição de capa dura, com lindas ilustrações.
Com o livro na mão, puxou a mochila novamente
e, quando já saía, alguém bateu no seu ombro.
A menina se virou e quase caiu para trás de susto:
era nada mais, nada menos que o Gato de Botas
com o livro dele nas mãos, quer dizer, nas patas!
– Bom dia! Como vai sua tia? – brincou o gato fazendo uma reverência:
Luísa, você já não está careca de saber essas histórias de princesas?
Por que não leva o meu livro, O Gato de Botas, que é bem mais divertido?
Luísa, admiradíssima, com os olhos arregalados, não sabia o que dizer.
– O que houve? O gato comeu a sua língua? – brincou.
– Você é o Gato de Botas de verdade?!
– Eu mesmo! Em pelo e osso! Pois, então, me leve para a sua casa
e você saberá tudo sobre a minha história e a do Marquês de Carabás.
A menina, de tão perplexa, só fez que sim com a cabeça.
O Gato de Botas, num passe de mágica, voltou para o livro,
e, quando a Luísa já saía, alguém bateu no seu ombro de novo.
Era ela: “branca como a neve, corada como o sangue e de cabelos negros como ébano”.
Já sabem quem é?
– Branca de Neve!? – disse Luísa completamente abobada.
– Luísa, me leva com você também.
Essa edição – disse mostrando o próprio livro – é uma adaptação fiel do conto dos irmãos Grimm.
Quando a menina ia trocar de livro de novo,
o Gato de Botas apareceu muito irritado:
– Branca, a Luísa já se decidiu. Volte lá para os seus seis anões.
– São sete! E ela não se decidiu coisa nenhuma! – se irritou a Branca ficando bem vermelha de raiva.
Os dois encararam a menina esperando uma resposta:
– Eu não sei qual levar. Eu queria levar todos…
De repente, de repente, aconteceu a coisa mais extraordinária:
os personagens todos foram saindo dos seus livros:
a Cinderela, a Chapeuzinho Vermelho, a Bela Adormecida, a Rapunzel.
Era um time de verdadeiras princesas:
– Luísa, me leva para a sua casa! – suplicavam todas.
– Eu só preciso de uma cama para dormir um pouquinho– disse a Bela bocejando.
– Só cem anos, coisa pouca – ironizou o Gato.
– Posso fazer a faxina na sua casa, mas à noite eu tenho uma festa no castelo do…
– Príncipe! – gritaram todos.
– Na minha cesta eu tenho bolo e vinho. Alguém quer? – ofereceu a Chapeuzinho.
Depois surgiram mais personagens: o Patinho Feio, a Pequena vendedora de Fósforos, o Soldadinho de Chumbo e a Bailarina:
– Luísa, podemos ir com você?
Somos personagens do Andersen – pediu o Patinho Feio, que nem era assim tão feio.
– A sua casa é quentinha? Perguntou a menina dos fósforos.
– Ihhh, se tiver lareira é melhor a gente ficar por aqui… – comentou o Soldadinho com a Bailarina.
Só que, subitamente, surgiu um lobo bem peludo, enorme,
com os dentes afiados, bem ali na frente de todos:
– O Lobo Mau!!!!!
– Lobo, por que essa boca tão grande? – perguntou a Chapeuzinho por força do hábito.
Eu protejo vocês! – disse o soldadinho muito corajoso.
Foi então, que o Lobo abriu a maior bocarra e…
Comeu todo mundo? Não.
Só bocejou de sono e depois disse muito tranquilo:
– Calma, pessoal. Eu só queria dar uma ideia.
A Luísa leva o livro da Branca de Neve e nós podemos ir dentro da mochila, que é bem grande.
Todos acharam a ideia muito boa:
– Podemos, Luísa? – perguntou a Menina dos Fósforos que tremia de frio.
– Tudo bem! – disse abrindo a mochila.
Os personagens fizeram uma fila e foram entrando:
– Primeiro as princesas! – reivindicou a Cinderela.
Na última hora, os personagens brasileiros também apareceram:
o Saci, o Caipora, uma boneca de pano muito tagarela,
um menino muito maluquinho,
uma menina com uma bolsa amarela,
outra com a foto da bisavó colada no corpo, um reizinho mandão.
Todos entraram.
A mochila estava mais pesada que nunca.
Como os personagens pesam!
Luisa pegou o livro da Branca e a bibliotecária anotou tudo no fichário.
Mais tarde, a menina entrou em casa na maior alegria, e, a mãe gritou lá de dentro:
– Chegou, filha?
– Chegamos!”


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