quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Absurdo quotidiano



smile emoticon


Desconheço o autor da imagem. Encontrei aqui

Dai-nos, meu Deus, um pequeno absurdo quotidiano que seja,
que o absurdo, mesmo em curtas doses,
defende da melancolia e nós somos tão propensos a ela!

Se é verdade o aforismo faca afia faca
(não sabemos falar senão figuradamente
sinal de que somos pouco capazes de abstracção).
Se faca afia faca,
então que a faca do absurdo
venha afiar a faca da nossa embotada vontade,
venha instalar-se sobre a lâmina do inesperado
e o dia a dia será nosso e diferente.

Aflições? Teremos muitas não haja dúvida.
Mas tudo será melhor que este dia a dia.

Os povos felizes não têm história, diz outro aforismo.
Mas nós não queremos ser um povo feliz.
Para isso bastam os suíços, os suecos, que sei eu?
Bom proveito lhes faça!

Nós queremos a maleita do suíno,
a noiva que vê fugir o noivo,
a mulher que vê fugir o marido,
o órfão que é entregue à caridade pública,
o doente de hospital ainda mais miserável que o hospital
onde está a tremer, a um canto, e ainda ninguém lhe ligou
nenhuma. Nós queremos ser o aleijado nas ruas, a pedir esmola, a
abardalhar-se frente aos nossos olhos. Queremos ser o pai
desempregado que não sabe que Natal há-de dar aos seus.

Garanti-nos, meu Deus, um pequeno absurdo cada dia.
Um pequeno absurdo às vezes chega para salvar.


Alexandre O'Neill

Sustentabilidade




Estou a ler um livro desafiador, um manual universitário, The Ethics of Responsability, de Kibert e alguns outros (2011)?

Um futuro sustentável começa hoje, e depende dos nossos processos de decisão em cada dia. Sustentável: leia-se possível, e melhor para as futuras gerações, do ponto de vista económico, social e ambiental.

As nossas decisões dependem de tomadas de posição éticas, seja qual for a tecnologia disponível. O que vale para ferramentas eletrónicas, instrumentos de produção agrícola, mas também para tecnologia de gestão financeira ou económica. O que é eficaz produz resultados, mas nem sempre esses resultados são bons. Mesmo na Bíblia, depois de cada ato de criação do mundo, Deus parava, olhava e percebia se era bom... (ver Génesis).

Por outro lado, parece que é  mesmo impossível ser feliz sozinho, ou pelo menos assegurar de forma razoável a probabilidade da felicidade sem saber racionalizar, ponderar e partilhar decisões (apercebidas de forma holística e não compartimentada), expandindo os processos de decisão. Um desafio nada fácil, o da participação alargada em processos de decisão que melhore a nossa capacidade social de aprender com erros e sucessos, evitando as armadilhas demagógicas de simulacros de participação - ser sondado por telefone não é, ou simplesmente responder escolhendo opções sem nunca poder perguntar nada não é, de todo, tomar parte nas decisões.

Cito das conclusões da obra:
"Thus one of the most important messages of this book is that sustainability cannot be achieved in a compartmentalized manner but will emerge only as the result of careful decision-making that takes into account a wide range of factors. Further, decisions for sustainability are not limited to professional, scientific, or policy settings, but should be considered and applied in a wide range of contexts. Sustainable decision-making, in other words, must be expansive both in the factors it considers and in the settings in which it is implemented. This is true for societies and also for individuals, including scientists and other professionals who aim for greater sustainability in their work lives. "

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Callcenter – um operário em construção | Here, there, everywhere

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Pediram-me para escrever um texto sobre callcenters. Ao fim de semanas, consegui juntar estas palavras. Não é fácil escrever sobre o único trabalho que continua a recrutar e tentar explicar que por dinheiro não vale tudo. Não é fácil explicar que este foi o único trabalho em que, todos os dias me arrancavam a alma do corpo, sobretudo por que há quem o faça e não se importe e, por vezes, até goste.
Callcenter – um operário em construção | Here, there, everywhere

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Bibliotecas do futuro: laboratórios criativos

T
The future of education will revolve around hyper-individualized learning, self-paced, organically generated content that is modality diverse, and available on-demand 24/7. Any topic, anywhere, anytime . . . it will be less dependent on teachers, less dependent on schools, and offer more personal control. Libraries have the potential for becoming the working laboratories for people creating new courseware.


The Future of Libraries: Interview with Thomas Frey | American Libraries Magazine

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Precisamos do bafo humano











Não me vejo reformada. Fui dar uma aula à Faculdade de Psicologia, em Lisboa, e disseram-me para voltar no próximo ano. Eu respondi que, se estiver viva, lá estarei. Depois alguém me disse que eles sabiam o que é que iam lá buscar, mas e eu? O que é que ia lá buscar? Respondi que também sabia o que é que ia lá buscar. 
Vou buscar bafo humano, que é a única forma de sobrevivermos. 
Tive dias terríveis na minha vida. Enterrei uma filha no dia de Natal. Não resistiu ao cancro a que eu resisti. As coisas mais gratificantes que tive na vida vieram dos afectos. Por exemplo, cartas que tive dos alunos. A afectividade toca-me bastante. A primeira aula que dei a seguir a ter estado internada foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. 
A vida ensinou-me que não podemos viver sozinhos. Ensinou-me que não podemos viver sem o bafo humano e que devemos fazer tudo para lutar por isso.


LuísaDaCosta, in Expresso, 16.02.2015A escritora contava 87 anos quando escreveu este texto

domingo, fevereiro 15, 2015

Pela liberdade de sonhar dos povos europeus



"O governo e o Presidente da República de Portugal transformaram-se numa ameaça para o seu próprio pais", disse José Castro Caldas na sessão "Hora de apoiar a Grécia”, realizada na Casa do Alentejo em Lisboa com intervenções também de Catarina Martins, António Pedro Vasconcelos e Luísa Teotónio Pereira.

Some Thoughts on Hope, Cynicism, and the Stories We Tell Ourselves | Brain Pickings



To live with sincerity in our culture of cynicism is a difficult dance – one that comes easily only to the very young and the very old. The rest of us are left to tussle with two polarizing forces ripping the psyche asunder by beckoning to it from opposite directions – critical thinking and hope.
Critical thinking without hope is cynicism. Hope without critical thinking is naïveté.



Some Thoughts on Hope, Cynicism, and the Stories We Tell Ourselves | Brain Pickings

Representar para conhecer





sexta-feira, fevereiro 13, 2015

A leitura é a grande liberdade (Rui Zink)

A ver e sobretudo a ouvir.



Contentor 13Rui Zink | 12 Fev, 2015 | Episódio 5


Contentor 13

Eu, fan, me confesso - do Almanaque Silva


São poderosas metáforas gráficas, as que decoram inquietantes conspirações de amplitude multinacional em formato best seller, sem o maniqueísmo do policial e espionagem de bolso, abrindo caminho à obsessiva neurose existencial dos thrillers contemporâneos. 
Capas de romances de Irving Wallace e Morris West, publicados na Colecção Orbe da Clássica Editora onde Paulo‑Guilherme (1932-2010, Lisboa) revelaria um vasto leque de registos gráficos, afinados com o ar dos tempos.
Pedra, folha e tesoura | almanaque silva

Conversar sobre o que se escreve é ler devagar


No âmbito da Exposição “Arsénio Mota: uma vida como obra”, patente no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, decorrerá no próximo dia 21 de fevereiro, pelas 16h00, uma sessão sob o tema “Arsénio Mota: literatura infanto-juvenil”.


A sessão conta com as presenças de Arsénio Mota, António Gomes Marques, curador da Exposição, Violante Magalhães, docente na Escola Superior de Educação João de Deus em Lisboa e doutorada em Literatura Portuguesa, Álvaro Gomes, licenciado em Filologia Românica e doutorado em Educação, e do pintor Emerenciano Rodrigues.

Integrada na sessão, decorrerá a cerimónia de Doação do Espólio Literário de Arsénio Mota ao Museu do Neo-Realismo, um importante acervo documental que integra, entre outros, produção literária do autor, correspondência, documentos relativos à sua história pessoal, fotografias, obras de artes plásticas, monografias e publicações periódicas.

Entrada gratuita.

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito

Ladrões de Bicicletas: A tirania do mérito : « Quem alcançou o topo, passou a acreditar que o sucesso foi um feito seu, uma medida do seu ...