'We have an obligation to imagine' … Neil Gaiman gives The Reading Agency annual lecture on the future of reading and libraries. Photograph: Robin Mayes |
Um dia estava eu em Nova Iorque e assisti a uma palestra sobre a construção de prisões privadas - uma enorme indústria em crescimento na América. A indústria das prisões precisa de planificar o seu crescimento futuro - de quantas celas irão precisar? Quantos prisioneiros existirão, daqui a 15 anos? E descobriram que podiam prevê-lo com muita facilidade, através de um algoritmo simples, com base no cálculo da percentagem de crianças de 10 e 11 anos que não conseguem ler. E qie certamente não consegeum ler por prazer.Não se trata de um para um: não se pode dizer que uma sociedade alfabetizada não tem criminalidade. Mas há correlações muito reais.E penso que uma dessas colrrelações, a mais simples de todas, resulta de uma coisa muito simples. Gente com literacia lê ficção.A ficção tem duas utilidades. Primeiro, é uma porta viciante para a leitura. O desafio de saber o que vai acontecer a seguir, de querer virar a página, a necessidade de continuar, mesmo se é difícil, porque alguém está em apuros e temos de saber como é que vai tudo acabar... é um desafio muito real. E força-nos a aprender palavras novas, a pensar novas ideias, a continuar. A descobrir que ler, por si só, é uma fonte de prazer. Uma vez que se tenha aprendido isto, está-se no caminho para se ler tudo. E a leitura é a chave. Há alguns anos, houve uns breves rumores sobre a ideia de que estávamos a viver num mundo pós-letrado, em que a capacidade de fazer sentido a partir de palavras escritas era de alguma forma redundante, mas esses dias passaram: as palavras são mais importantes que nunca: navegamos pelo mundo com palavras, e como o mundo desliza parra a web, precisamos de acompanhar, comunicar e compreender o que estamos a ler. As pessoas que não se conseguem entender entre si não conseguem trocar ideias, não conseguem comunicar, e os programas de tradução ainda não chegam tão longe.A maneira mais simples que assegurar que criamos crianças letradas é ensiná-las a ler, e mostrar-lhes que a leitura é um prazer. E isto significa, no essencial, encontrar livros de que elas gostem, dar-lhes acesso a esses livros, e deixá-los lê-los.
Texto original (inglês), parte de um depoimento a ler, por prazer e vantagem...
Neil Gaiman: Why our future depends on libraries, reading and daydreaming. A lecture explaining why using our imaginations, and providing for others to use theirs, is an obligation for all citizens (15.03.2013)
Sem comentários:
Enviar um comentário