quinta-feira, junho 04, 2015

Judith


“Quando dizemos que os corpos importam, como acho que dizemos, estamos a afirmar o valor que os corpos têm”, diz Judith Butler, que começou Bodies That Matter de mapa na mão (destino: “materialidade do corpo”, como escreve na obra) e acabou a abri-lo mais e mais. E a redesenhá-lo.
“Os nossos corpos só importam no contexto de uma qualidade justa e equitativa”, propõe, à esquerda, em Lisboa, num “futuro político baseado em princípios fundamentais ou no que chamamos democracia radical”.
Judith Butler gosta de ajuntamentos. Ecoam no Maria Matos elementos do seu texto de 2011 Bodies in Alliance and the Politics of the Street, que vai de Hannah Arendt à Praça Tahrir. Valoriza os protestos, os corpos que se reúnem e transitam da invisibilidade, da vergonha, do medo ou da pura ausência de personalidade jurídica (o imigrante ou o trabalhador sem papéis, a pessoa transgénero que vive de uma forma e tem um documento com outra, por exemplo) para um local mais iluminado “como que para dizer ‘Nós, os invisíveis, existimos’”, evoca. Fala da violência policial sobre a comunidade gay na Rússia ou da transfobia na Turquia. Corpos que se deram às balas ou, como explica em inglês, eles que “put their bodies on the line”. 
“Continuemos a ser reactivos mesmo quando pareça que ficaremos assoberbados, mesmo quando pareça que não há esperança” perante as “condições em que a precariedade”, conceito que alargou com mãos de filósofa, “se torna mais e mais a norma”. Para Butler, a habitabilidade das “vidas incorporadas que somos e que merecemos ser”, exercendo a liberdade de género como qualquer outra, é um direito inquestionável.
Género, sexo e economia: “Somos todos potencialmente precários” - PÚBLICO

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