«Fazia sol e havia tranquilidade». E Irene Lisboa escrevia sobre o elevador do Lavra e suas gentes, gente vinda do mais recôndito como as Furnas do Monsanto, gente como a Nina, cujos requebros são convites e o Doutor Freitas, mais o guarda-freio e a varina e o ardina. E um gato «o diabo de um gato» logo «se havia de meter debaixo do enorme elevador».
E assim começa uma história desta cidade, naquele elevador, onde «subir e descer neste veículo em cada dia do ano é cumprir uma pequena e ordinária rota, a pino, que sem exagero se pode considerar tão edificante como dar largas voltas pelo mundo».
E são historias e histórias porque «os bairros felizmente têm um carácter mais humano que arquitectónico».
E mora agora ali o meu Hugo e sabe e sente e pinta com tudo isso nos olhos, tal como ela os retratou em Literatura e corria o tempo da guerra, mais as árvores que se vêem ao longe, em São Pedro de Alcântara e o Torel e mais adiante a Morgue mais o Doutor Sousa Martins e a imensa capoeira à solta que dá vida ao jardim e o Instituto Alemão onde o meu Afonso, às sextas, martela declinações de uma língua que é uma forma de ter encontrado a matemática nas palavras.
Irene Lisboa escreveu isto tudo como "João Falco". Porque na altura bicho mulher não vingava nas letras.
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Irene Lisboa
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