Os passos a que ando, um atrás do outro, como as letras em carreirinha, do fim para o princípio.
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
SIM
Mais de metade dos votantes
Em quase metade dos votáveis
Mais um passo GRANDE
Obrigada
domingo, fevereiro 11, 2007
Assis Pacheco II (a ministros que falam e a alguns que calam)
ESTE MINISTRO É UM MENTIROSO
Este ministro é um mentiroso
que agonia quando ele discursa
e se fosse só isso: bale sem jeito
às meias horas seguidas – e não pára!
bem-aventurados os duros de ouvido
a quem o céu abrirá as portas
desliguem p.f. o microfone
ou então tirem o país da ficha
Assis Pacheco I
Mas não puxei atrás a culatra,
não limpei o óleo do cano,
dizem que a guerra mata: a minha
desfez-me logo à chegada.
Não houve pois cercos, balas
que demovessem este forçado.
Viram-no à mesa com grandes livros,
com grandes copos, grandes mãos aterradas.
Viram-no mijar à noite nas tábuas
ou nas poucas ervas meio rapadas.
Olhar os morros, como se entendesse
o seu torpor de terra plácida.
Folheando uns papeis que sobraram
lembra-se agora de haver muito frio.
Dizem que a guerra passa: esta minha
passou-me para os ossos e não sai.
Fernando Assis Pacheco.
Homem de jornais e histórias, poeta.
Galego da estirpe mais rara, a da ironia. Gente da mais pura água. Ou da mais pura névoa, cinza como as manhãs frias bordando ribeiras em Coimbra e fragas por Fisterra. Carne e osso, mais aquela que este.
Qualquer coisa de nós todos, do verbo raro de Bocage, palavras letra a letra marteladas com um dedo só, na máquina de escrever.
Palavras mágicas quando as contava, sons de encantar, sempre com um fio verde amargo indistinto a grão de lucidez. A propósito, aposto que odiava homenagens e tudo o que é chato, evangélico e previsível. Ou seja, falso.
Dele vão falar na Casa Fernando Pessoa, nas próximas quintas-feiras. Os amigos, claro, e os que depois vieram. Nos livros, do Walt à poesia, das crónicas espalhadas pelos arquivos dos jornais e pela rádio. Pai de filhas, mais, e filho, um. Ventania, brisa, ar que por aí anda à espera que o respiremos.
Coisa ruim no-lo levou, Novembro adiante, há uns tempos atrás, junto à livraria. Ainda livre, para sempre livro.
Outras ruindades o tinham ferido por dentro, muito antes.
domingo, fevereiro 04, 2007
Antes de votar
SIM
REFERENDO
11 DE FEVEREIRO
Vera Drake
Filme de Mike Leigh (2004)
Legendado em português
Ver e pensar. Conversar e formar opinião.
Sobre o aborto, o filme, a vida dos portugueses e das portuguesas e o referendo de Domingo que vem.
8 de Fevereiro de 2006, 21 h,
Auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira
Entrada livre
org. Núcleo concelhio do Bloco de Esquerda
Domingo que vem
Votar é dar opinião, a parte na decisão sobre as coisas da vida de toda a gente. Toda a gente é mesmo toda a gente, os outros, as outras, e nós.
Não se trata aqui de escolher para um cargo, um conjunto de promessas, um mandato de Presidente, Vereador, Deputado.
Não é um cargo, é um encargo que temos o poder de dar a alguém. Seja qual for o Governo, esteja quem estiver no Parlamento, fica com este encargo, dado pelo referendo, de mudar as leis de acordo com o referendo. Mas só se mais de 50% puserem o voto na urna, domingo que vem.
Ter opinião é pensar. Pensar por nós mesmos, com a nossa memória e nossa esperança, uma espécie de memória ao contrário, a gente a lembrar-se do que ainda não aconteceu.
Memória do que passámos e soubemos que outras pessoas passam, naquela parte da vida de cada um que devia ser privada, íntima, resultado de escolhas pessoais e intransmissíveis, aberta ao apoio e à amizade, mas fechada à coscuvilhice e à tirania. Decisões tomadas com consciência, mas sem pavor. Com conhecimento e tranquilidade. A tempo.
Votarei SIM. Faço campanha pelo SIM.
Tenho memória, lembro-me de tantas conversas, tantos casos, tão diferentes uns dos outros e tão parecidos no respeito que merecem.
Tenho conhecimento. Sei que todos os métodos podem falhar, e que nem sempre conseguimos apanhar a tempo as rédeas da nossa vida, há muitas coisas que às vezes não são o que parecem.
Tenho esperança, não há-de ser sempre assim cruel esta terra, nem as suas leis tão toscas, sobretudo para quem é mais pobre, com menos conhecimento, com vidas mais precárias, com aflições muito suas. E que merece o mesmo respeito que aqueles e aquelas com mais recursos materiais ou mais felicidade, ou mais fé...
Espero que o SIM ganhe, por todas as meninas que agora ainda mal gatinham, que já nasceram, e por quem me sinto responsável, pelo simples facto de serem os crescidos, como eu e vós, leitores e leitoras, que lhes preparam o futuro.
Espero que o SIM ganhe, por todos os meninos que as hão-de amar, e ser amados por elas. A felicidade de uns ganha com a serenidade das outras.
Deixaremos de sentir a surdina e o silêncio do aborto clandestino, em más condições de saúde na sua realização e, também, no momento da sua decisão.
Só procura ajuda, só conversa sobre o que lhe dói aquele, aquela, que acredita que alguém ouvirá com atenção e sem preconceito nem hipocrisia.
Ganhando o sim, quem decide não interromper a gravidez mantém, intacta, a sua liberdade de o fazer. Ganhando o não, só é consentido um caminho, e negado o respeito a quem não o seguir. Despenalizar é isso mesmo: despenalizar, acabar com a situação actual que castiga as mulheres e nos envergonha a todos e a todas.
Podemos, devemos, havemos de continuar a trabalhar e debater depois do referendo muita coisa da vida de toda a gente, muita maneira de fazer este País muito melhor do que é. Cá estaremos.
Domingo que vem, usemos a democracia para mostrar que temos opinião, que encomendamos a quem o deve fazer leis mais justas, um país onde haja direito à saúde e à liberdade, onde seja melhor viver. Todos os dias. Mesmo naqueles em que há problemas difíceis, pessoais, intransmissíveis. Mesmo para aqueles, aquelas, que não pensam como nós.
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