segunda-feira, janeiro 24, 2005

Os portugueses acham muito e investigam pouco

Frase de Inês Pedrosa, na revista Única do Expresso de 22 de Janeiro, num saboroso artigo "Ideias peregrinas-I", a propósito de um estudo divulgado na imprensa sobre a opinião dos portugueses - as crianças sofrem muito com as mães que não estão em casa - e isto num país em que a investigação afirma (não apenas por achamento, mas por verificação) que a maior parte dos casos de maus tratos e abusos sobre crianças ocorre em situações em que a mãe está em casa.
Portuguesa ela também Inês não concretiza a fonte dos dados, e já agora era útil que o fizesse.
No entanto, levanta esta frase uma inquietação que todos sentimos - a de como combater ideias feitas ou promovidas pelo que se "acha", num senso comum promovido rapidamente a bom senso incontestável, iliteracia militante e manipuladora.
Nas bibliotecas, na promoção da leitura e das literacia. também há campeões do achamento. Resista-se pois aos achados, sobretudo quando nos são simpáticos, e invista-se na verificação rigorosa. Os jovens agora não leem... no meu tempo é que se aprendia muito... Ultrapasse-se a consolada fase contentinha e olhem-se os valores crescentes de obras para jovens compradas, requisitadas em bibliotecas... sem desviar os olhos das respostas patetas a perguntas simples ou também elas patetas (quem é que se lembra de repente do nome dos reis de Portugal numa situação de comoção como é a de saber que se entrou na universidade depois de meses e meses de agonia? e o que é que isso prova? que se despachou uma reportagem em 10 minutos sem se tratar tema nenhum?)
O artigo da Inês?
Ah, gostava de o ter aqui, claro, mas comprei o jornal - nao me apetece pagar outra vez o mesmo para ler on-line e descarregar o texto - e ainda não tive tempo de o digitalizar.
Procurem na biblioteca - quem sabe está lá, e a custo zero, e ainda por cima sem ter de dar o nome para bases de difusão de publicidade.

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