"Hoje, somos informados que Jesus também foi fazer retiro, um longo retiro, conduzido pelo Espírito de Deus. Estava perante a concretização do seu projecto de vida. Que fazer? Como fazer? Um dia publicará o manifesto das suas opções radicais em favor dos atirados para a margem da história [5].
O Diabo, a figura de tudo e todos os que se opunham a este projecto libertador, propõe-lhe uma alternativa exaltante: usa os teus recursos divinos para resolver, por decreto, os problemas da fome, da dependência política, exibindo um miraculoso espectáculo religioso. Deixa-te de lirismo e convence-te que o caminho é o do poder de dominação económica, política e religiosa.
Jesus, a todas essas propostas, disse um não absoluto, definitivo.
Sabemos demasiado as consequências das vezes que, na Igreja, se esqueceram as opções do Mestre.
Agora, parece-me ridículo, quando o Papa Francisco insiste, contra tempos e marés, na renovação da Igreja ao serviço da transformação do mundo na pátria da alegria, se exija que ele faça um milagre de transformar a Igreja e a sociedade, por decreto, dispensando o empenhamento de todas as pessoas de boa vontade."
Frei Bento Domingues, Público, 2019.03.10
[5] Lc 4, 16-30
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