domingo, julho 01, 2018

Escrever é lutar

Foto de Helena Pato.

José Manuel Tengarrinha é um dos mestres a quem estou grata, e por isso hoje cumpre-me recordá-lo.

Esta entrevista, de 1975, é uma leitura útil para pensarmos a nossa História e e afinarmos a pontaria nas lutas pela libertação do povo, pelo povo e com o povo. Não sei se está fora de moda, nem isso importa - o conhecimento ajuda sempre a mudar o modo de pensar e de agir, que é o que transforma a vida e o mundo. O modo, e não as modas.
Assis Pacheco, optimista, vaticinava nesta entrevista, em pleno período revolucionário após o 25 de abril, que o ensino da História daria aos jovens mais ferramentas para entender esta mensagem e intervir em conformidade - falava ele num futuro de 10, 15 anos... 43 anos depois da entrevista, enfrentamos um dos maiores desafios na luta pela democracia e pelo pensamento crítico - a redução do ensino das Humanidades nas escolas, incluindo o estudo do passado histórico e o aprofundamento da Filosofia. 


Entrevista com referência à cultura do século XIX; experiência da criação do Centro de Estudos do Século XIX do Grémio Literário; processo de criação do livro "A Revolução de 1820"; a relação entre a Revolução de 1820 e a Revolução de 1974, Tengarrinha clarifica que sem igualdade e justiça social a liberdade política não vale.
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/jose-tengarrinha/

Na peça, disponível no abençoado Arquivo RTP, serviço público de que beneficiamos, Fernando Assis Pacheco introduz alguns dados biográficos, nomeadamente o facto de José Tengarrinha ser natural de Portimão e ter 42 anos de idade; licenciado em Histórico-Filosóficas; a ligação ao MUD Juvenil; prisão por motivos políticos por quatro vezes e candidato em 1969 e 1973 pelo Movimento Democrático Português MDP/CDE a deputado à Assembleia Nacional; chefe de redacção do "Diário Ilustrado"; membro da Comissão Central do MDP e membro do Conselho Mundial da Paz; recebe o prémio "Rodrigues Sampaio" pela Associação de Jornalistas do Porto, por um estudo sobre o jornalista Rodrigues Sampaio; publicou a "História da Imprensa Periódica Portuguesa", "A novela e o Leitor Português" e "A Revolução de 1820". 

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