Alain Deneault é um filósofo francês, e alerta:
A medianocracia não nos leva também ao enfraquecimento do discurso político?
Sem surpresa, é o meio, o centro, o médio que dominam o pensamento político. As diferenças entre os discursos de uns e de outros são mínimas, os símbolos, mais que os fundamentos, divergem, numa aparência de discórdia. As "medidas equilibradas", o "meio virtuoso" ou o " compromisso" são erigidos em noções fétiches. É a ordem política do extremo centro cuja posição corresponde menos a um ponto no eixo esquerda-direita que ao desaparecimento deste eixo em proveito duma única abordagem e duma única lógica. Sem surpresa, é o meio, o centro, a mediania que dominam o pensamento político.
Neste contexto medíocre, reina o combinado. Os governantes fazem-se eleger segundo uma linha política e aplicam uma outra, depois de eleitos; os eleitores aproveitam eleições municipais para protestar contra a política nacional, votam Frente nacional [em França] para exprimir a sua cólera, os media favorecem estas derrapagens quando só se interessam pelas estratégias dos actores. Não há qualquer visão de futuro, todo o jogo político é de vistas curtas, no bricolage permanente.
Para ler mais devagar:
Como resistir à medianocracia?
Resistir ao banquete para onde nos convidam, às pequenas tentações pelas quais ireis entrar no jogo. Dizer não. Não, não vou ocupar esse cargo, não, não aceitarei essa promoção, renuncio a essa vantagem ou a esse reconhecimento, porque estão envenenados. Resistir, nesse sentido, é uma ascese, e não é fácil.Voltar à cultura e às referências intelectuais é igualmente uma necessidade. Se nos empenharmos em ler, pensar, afirmar o valor de conceitos hoje varridos como se fossem insignificantes, e reinjectarmos sentido onde ele já não existe, ou se tornou residual, avançamos politicamente. Não é por acaso que a própria linguagem está hoje sob ataques. Vamos restabelecê-la.
Gouvernance, le management totalitaire / Alain Deneault, éd. Lux (2013)
La Médiocratie / Alain Deneault, éd. Lux (2015)
En politique comme dans les entreprises, “les médiocres ont pris le pouvoir”
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