Fundação da arte de te desenhar
Num certo leito do golfo de Corinto, uma mulher contempla, à luz da fogueira, o perfil do seu amante adormecido.
Reflecte-se na parede a sombra dele.
O amante, que jaz a seu lado, ir-se-á embora. Ao amanhecer irá para a guerra, irá para a morte. E também a sombra, sua companheira de viagem, se irá com ele e com ele morrerá.Ainda é noite. A mulher, pegando num tição no meio das brasas, desenha na parede os contornos da sombra.Esses traços não se irão embora.Não a hão-de abraçar, bem o sabe. Mas não se irão embora.
Eduardo Galeano (2008)
trad. Júlio Henriques
imagem completamente for de contexto, daqui
Ler mais:Fundações - Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa
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