segunda-feira, abril 13, 2015

Galeano - reler, reler





Fundação da arte de te desenhar 
Num certo leito do golfo de Corinto, uma mulher contempla, à luz da fogueira, o perfil do seu amante adormecido.


Reflecte-se na parede a sombra dele.

O amante, que jaz a seu lado, ir-se-á embora. Ao amanhecer irá para a guerra, irá para a morte. E também a sombra, sua companheira de viagem, se irá com ele e com ele morrerá.
Ainda é noite. A mulher, pegando num tição no meio das brasas, desenha na parede os contornos da sombra.
Esses traços não se irão embora.
Não a hão-de abraçar, bem o sabe. Mas não se irão embora.
Eduardo Galeano (2008)
trad. Júlio Henriques
imagem completamente for de contexto, daqui
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Fundações - Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa

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