E neste momento as pessoas que estão a sair daqui não vão voltar. Uma coisa que me faz muita impressão é eu já ter visto, mais do que uma vez, aquela coisa dos velórios à Irlandesa. No século XIX, quando as pessoas saiam da Irlanda para a América não iam voltar. Então faziam-lhes um velório antes da partida. Neste momento tens netos e pais a despedirem-se dos filhos a saberem que a probabilidade de não os voltarem a ver é imensa. Porque são velhotes. Porque vão para muito longe. Porque não vão conseguir voltar. E a única maneira que eu acho que tenho de fazer com que a geração das minhas filhas não tenham que emigrar, é unir-me à geração da minha mãe...
É a isso que se chama “fazer algo de extraordinário”?
Sim! Não aceitar discutir nada do ponto de vista geracional, nem a emigração, nem a maternidade, nem o trabalho, nada. Cada euro que estão a roubar na pensão da minha avó é um tiro que estão a dar às minhas filhas, e cada contrato de trabalho que eu não tenho rouba as netas aos meus pais, que deram o litro para tudo aquilo que elas têm: desde a liberdade à escola e à maternidade onde as pari.
Os passos a que ando, um atrás do outro, como as letras em carreirinha, do fim para o princípio.
quarta-feira, maio 14, 2014
Mariana Avelãs: “Promoveres o não voto é uma forma de o governo se perpetuar” | Esquerda
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