quarta-feira, maio 29, 2013

Gato por lebre

Imagem daqui


O crescente recurso a esquemas privados é já um facto. Mesmo sem a privatização do sistema público, a privatização parcial é conseguida em resultado da erosão das pensões em nome do equilíbrio orçamental e dos desafios demográficos. 
Para os trabalhadores ativos mais jovens passa-se a ideia de que, no futuro, os descontos para o sistema público de proteção social poderão não trazer a remuneração esperada e que essa remuneração estará melhor protegida no sistema privado de gestão dos descontos sociais. Um duplo equívoco, já que a remuneração das aplicações financeiras privadas tem maior risco e está igualmente dependente do andamento da economia no seu todo. (...) 
Os sistemas privados não são mais sustentáveis nem robustos face às tendências demográficas e dinâmicas macroeconómicas do que os sistemas públicos. Se no estádio inicial, as contribuições para estes fundos excedem largamente os benefícios pagos, favorecendo deste modo a inflação de ativos financeiros, é expectável que as mesmas tendências apontadas para a insustentabilidade dos sistemas por repartição se venham a verificar nos esquemas privados no momento em que o número de reformados exceder os contribuintes ativos. O desequilíbrio resultante será agravado pela consequente deflação de ativos.
in Barómetro das crises. Nº5 (27.05.2013)

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