TERRENO
Muitas vezes o pintor fica sozinho,
com o terreno à sua frente, acentuado,
e os demónios às bicadas na sua cabeça.
É a altura de arriscar, de subir
os degraus da escada óptica, de forçar
a realidade a caber nos seus desenhos.
É também, senhores, a parte mais perigosa
da escalada – seria mau momento
para a corda se partir. Como quem salta
de uma dor física para um amor perdido,
ter as mãos e os braços em farrapos
e poder subir ainda um pouco mais.
Vítor Nogueira
[in Modo Fácil de Copiar uma Cidade, & Etc, 2011]
Os passos a que ando, um atrás do outro, como as letras em carreirinha, do fim para o princípio.
quinta-feira, janeiro 19, 2012
De uma dor física para um amor perdido
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