Roubaram-lhes as consoantes mudas!
Coitados!
Estão inconsoláveis.
Já as mortes das sonoras vogais,
Que diariamente engolem,
Fora e dentro dos telejornais,
Não lhes bolem
Com os nervos nacionais!
Já a morte constante,
Gotejante,
A sangria
Fina e fria
Do vocabulário,
Necessário
Para da vida saber
E a dizer,
Não incomoda.
Está na moda
A correria.
Meia palavra aldrabada,
Mal soletrada,
Chega perfeitamente
Para entupir a mente
E desgraçar o dia.
Maria Almira Soares
Embora goste das ditas consoantes mudas, que a mim me ajudavam a abrir as vogais vizinhas que não apresentam acento gráfico mas correspondem a sons mais claros (acção não soa como ação, no meu ouvido interior), adorei a poesia, e não posso estar mais de acordo com a mágoa do definhar do léxico corrente.
Escassez de vocabulário representa poucas tonalidades nas ideias e sentimentos que as palavras epresentam. Vidas mais pobres e descoloridas... mentes entupidas? Do mal o menos: se assim for ainda há esperança, um dia transbordam!
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